O uso do controle biológico em outras culturas
30-12-2015

A cana-de-açúcar é o maior exemplo de uso de controle biológico o controle de pragas do mundo, mas em outras culturas, a necessidade tem aberto os olhos dos produtores rurais para o poder do controle biológico e, mesmo desconfiados, têm adotado a prática. A citriculltura é um bom exemplo, em 1998, o professor do Laboratório de Biologia de Insetos do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), José Roberto Postali, coordenou um projeto para controlar o minador do citros (Phyllocnistiscitrella), uma praga que surgiu nos laranjais paulistas em 1996. A praga abre espaço para a bactéria do cancro cítricoa Xanthomonasaxonopodis, o que aumentou severamente a doença nos laranjais."Para combater o minador dos citros fui até a Califórnia, nos Estados Unidos, buscar uma vespinha de origem asiática, a Ageniaspiscitrícola. Passamos a produzi-las aqui e depois liberamos milhões nos laranjais”, relembra Parra.

Anos depois, um novo inimigo atingiu os laranjais, e Parra reuniu seus pesquisadores para controlar de forma biológica o greening (huanglongbing/HLB), doença transmitida pelo inseto Diaphorinacitri.O greening levou à erradicação cerca de 38 milhões de árvores no Brasil e quase dizimou a citricultura em vários países.

Para combater essa doença, os pesquisadores da Esalq utilizaram a vespa Tamarixiaradiata, que parasita o inseto transmissor do greening em sua fase de ninfa. Para a produção em larga escala da vespinha foram montadas seis biofábricas, uma na Esalq, outra na Fundecitrus e quatro pela Citrosuco.Cada biofábrica dessa tem a capacidade de produzir 100 mil insetos benéficos por mês.

O controle biológico também faz a diferença nos milharais, onde aTrichogrammapretiosumcombate a lagarta-do-cartucho (Spodopterafrugiperda) e a lagarta-da-espiga (Helicoverpazea). Na horta, principalmente nos tomateiros, quem faz sucesso é aTrichogrammaatopovirilia que controla a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), a broca-pequena (Neoleucinodeselegantalis) e a broca-grande (Helicoverpazea).

Quando a faminta lagarta Helicoverpaarmigerachegou ao Brasil, em 2013, arrasando algodão, soja e o que encontrasse pela frente, o pânico se espalhou pelo campo, pois não havia defensivos químicos para deter o avanço da praga. Então, as pesquisas de controle biológico foram acionadas às pressas. ALíder de projetos e presidente do Portfolio de Controle Biológico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Recursos Genéticos e Biotecnologia (Embrapa/Cenargen), a pesquisadora Rose Monneratrelembra que em caráter emergencial o Ministério da Agricultura liberou diversos bioinseticidas ainda sem registros.

O bioinseticida utiliza como ingrediente ativo um organismo vivo, normalmente um microorganismo, como fungos, vírus ou bactérias, explica a pesquisadora. Já os inseticidas convencionais são feitos de moléculas químicas. Hoje, a maior parte desses produtos liberados em caráter emergencial já recebeu registro e, segundo Rose, no tocante à eficiência, utilizados no momento e de forma correta, os bioinseticidas têm correspondido às expectativas dos produtores.Além disso,a adoção do método despertou no produtor a necessidade de constante monitoramento das lavouras para agir o mais rápido possível, assim que a praga é detectada.

Veja matéria completa na editoria Insectshow na nova edição da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, basta baixar GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS.