Óleo em queda afeta US$ 1 tri em projetos
16-12-2014

Quase US$ 1 trilhão em investimentos em futuros projetos de petróleo estão em risco depois da queda brutal nos preços do petróleo cru para perto dos US$ 60 por barril.

Qualquer cancelamento desses novos projetos privaria o mundo de 7,5 milhões de barris diários de petróleo em produção nova, pelos próximos dez anos --ou o equivalente a 8% da demanda mundial por petróleo.

A conclusão sugere que o excedente de oferta que causou a forte queda de preços pode em breve desaparecer se as grandes companhias petroleiras decidirem postergar os projetos de investimento de alto valor --que representam a espinha dorsal dos futuros suprimentos de petróleo, óleo combustível e produtos petroquímicos.

O petróleo Brent, o referencial do mercado internacional, caiu em mais de 45% da metade de junho para cá, por causa da alta na produção de petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos, da forte produção pelo cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e da demanda fraca por petróleo na Europa e Ásia.

A queda de preços colocou em dúvida alguns dos mais ambiciosos planos das grandes companhias petroleiras e abalou suas ações. Projetos em fronteiras de produção, como as águas profundas do golfo do México, dependem de preços elevados para o petróleo e podem não ser economicamente viáveis com o petróleo a US$ 60 por barril.

O Goldman Sachs estudou 400 campos petroleiros e de gás natural no mundo, muitos ainda à espera de decisões finais sobre investimento.

Sua análise, que tomava por base um preço de US$ 70 por barril de petróleo, mostra que campos que representariam produção diária de 2,3 milhões de barris em 2020 se tornaram antieconômicos.

O número subiria a 7,5 milhões de barris diários em 2025. A análise exclui o petróleo de xisto norte-americano.

O banco demonstra que, se o preço mantiver seu patamar atual, as companhias terão de cortar custos em até 30% --por exemplo, forçando fornecedores a aceitar cortes profundos em seus preços-- se desejarem tornar esses projetos lucrativos.

No total, a produção em risco nesses campos equivale a US$ 930 bilhões em investimentos. Os custos das empresas, incluindo investimentos de capital, teriam de cair entre 20% e 30% para tornar os projetos lucrativos a US$ 70 por barril, segundo o Goldman Sachs.

As grandes companhias estão determinadas a manter pagamentos de dividendos --um grande motivo para que os investidores retenham ações--, ainda que a queda na receita petroleira torne difícil manter esses pagamentos recorrendo apenas ao fluxo de caixa. Para tornar os projetos viáveis de novo, elas devem cortar fortemente os valores em contratos com os grupos de serviços petroleiros que as atendem, renegociando preços e reduzindo as perfurações de prospecção.

Tradução de Paulo Migliacci