Os benefícios do uso do MicroNIR na cultura canavieira
21-06-2023

 “Após ser consolidada, essa tecnologia diminuirá o custo operacional, pois não envolve o laboratório nas análises e reduz mão de obra”, informa Balsalobre
“Após ser consolidada, essa tecnologia diminuirá o custo operacional, pois não envolve o laboratório nas análises e reduz mão de obra”, informa Balsalobre

A tecnologia permite analisar a cana no próprio campo, sem a necessidade da destruição do material (colmo da cana) e uso de reagentes para avaliações em laboratório, como ocorre no sistema convencional

Por Renato Anselmi

Uma tecnologia que começa a despertar o interesse de produtores e pesquisadores é o MicroNIR – também conhecido como NIR Portátil –, que permite analisar a cana no próprio campo, sem a necessidade da destruição do material (colmo da cana) e uso de reagentes para avaliações em laboratório, como ocorre no sistema convencional. É o que explica o pesquisador Thiago Balsalobre, integrante da equipe do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar (PMGCA/Ridesa), da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), campus de Araras, SP.

É preciso ‘ensinar’ o equipamento (com tamanho similar a de um microfone) sobre o que é teor de sacarose e outros parâmetros para que não haja variabilidade de dados – exemplifica Balsalobre. É uma calibragem “Os parâmetros – os mesmos avaliados no sistema convencional –, medidos pelo equipamento, são: teor de sacarose, açúcar redutor, açúcar total recuperável, Pol da cana, Pol do caldo”, detalha Thiago Balsalobre, que realizou a palestra “Validação do NIR Portátil como ferramenta de avaliação de parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar para uso pelo melhoramento genético” no evento de Conceição da Barra.

Após ser consolidada, essa tecnologia diminuirá o custo operacional, pois não envolve o laboratório nas análises e reduz mão de obra. O uso desse equipamento não exigirá também um maior desenvolvimento da planta no campo, durante o experimento, para fazer alguns levantamentos e avaliações sobre o comportamento de variedades e clones. A tecnologia de análise por infravermelho próximo (NIR – Near Infrared), que é usada nessa ferramenta, não requer equipamentos grandes de bancada, de alto custo e operação complexa, utilizados no laboratório.

“Vai permitir maior eficiência no processo de melhoramento genético. Avalia um maior número de plantas em menor tempo”, salienta Thiago Balsalobre, que faz parte da equipe da PMGCA/Ridesa, da UFSCar, que realiza a pesquisa voltada ao desenvolvimento dessa ferramenta.

Outra possibilidade de uso NIR Portátil é no dia a dia da atividade agrícola para avaliação de parâmetros da cana-de-açúcar de maneira mais ágil e com redução de custo. “Isto pode ser vislumbrado para o futuro, não nesse momento. Exige investimento”, esclarece.

Um exemplo de utilização do NIR Portátil no campo é a verificação da maturação no talhão para a colheita. “Requer uma curva de calibração pensada para isto. Para ter uma curva bem-feita, demora em torno de cinco anos, com recalibração”, calcula

Segundo Balsalobre, a prioridade tem sido a viabilização desse equipamento para contribuir e aprimorar as avaliações requeridas no processo de desenvolvimento de novas variedades. Para isto, a construção da curva de calibração do NIR Portátil exige muitas repetições e amostragens. “Não é um trabalho simples”, afirma.

O equipamento faz dois tipos de validação: uma interna e outra, externamente. “Essa validação externa é a que estamos fazendo nesse momento. Depois que a gente concluir a validação externa, poderemos acertar alguns pontos no sentido de diminuir algum erro”, afirma.

A previsão é que no final de 2023 algumas fases estejam integradas no programa de melhoramento. “Os resultados são positivos e promissores. Entendemos que a estratégia que adotamos para a construção da curva foi bem-sucedida”, avalia.

Fonte: CanaOnline