Os desafios da segunda mais antiga associação de fornecedores de cana de São Paulo
20-06-2016
Topografia acidentada e urbanização fazem a Associação dos Fornecedores de Cana de Santa Bárbara D´Oeste encolher
Em 23 de julho de 1914, no município de Santa Bárbara D´Oeste, no interior paulista, era inaugurada a usina açucareira “Cia. De Estrada de Ferro e Agrícola de Santa Bárbara”. Com a Usina, a cidade ganhou, também em 1914, o União Foot Ball Club" - hoje União Agrícola Barbarense Futebol Clube.
A fundação do clube de futebol foi apenas um dos muitos feitos da Usina Santa Bárbara, que passou a ser a maior empregadora, geradora de renda do município e disseminadora de inovações, tanto que, em 1938, começou a circular o jornal "Eco dos Canaviais", órgão das associações da Usina Santa Bárbara.
Nessa época de apogeu agrícola na região, foi fundada, em 30 de abril de 1944 a Associação dos Fornecedores e Lavradores de Cana de Santa Bárbara d'Oeste. Era a segunda do gênero no estado paulista, a primeira entidade de classe dos produtores de cana a ser criada em São Paulo foi a de Igarapava.
Com o passar do tempo, a economia da região mudou, a Usina fechou e Santa Bárbara D´Oeste, que pertence a Região Metropolitana de Campinas e fica às margens de grandes rodovias como Anhanguera e Bandeirantes, se viu cercada por indústrias e condomínios, que passaram a competir com a agricultura, ao elevar os valores das terras.
As leis ambientais, com a proibição de queima da palha da cana, também passaram a dificultar a vida dos produtores rurais de Santa Barbara, pois a topografia acidentada, característica da região, impede a mecanização da cultura. Pelo protocolo Agroambiental paulista, assinado em 2007, a despalha da cana pelo fogo será definitivamente abolida em 2017, inclusive em casos em que os terrenos apresentam inclinação superior a 12%.
De acordo com José Benedito Graciano, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Santa Bárbara D´Oeste, ainda não se encontrou uma alternativa para ocupar o lugar da cana nessas áreas declivosas de Santa Bárbara, que impede a mecanização não só da cana, mas também de outras culturas.
“A baixa remuneração da cana, o aumento do custo de produção, a topografia acidentada e a procura por áreas para loteamento e condomínios têm levado os produtores a abandonar a atividade, venderem as propriedades e se mudarem para a cidade”, conta Graciano. Nos últimos anos, a Associação encolheu de 120 para 80 associados. Os pequenos produtores é a marca principal dessa associação.
A Associação dos Fornecedores de Cana de Santa Bárbara D´Oeste é uma das 33 associadas da ORPLANA – Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil – que juntas buscam soluções para que a cana continue fazendo parte do cenário e da economia de Santa Bárbara D´Oeste.
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