Os incêndios não foram provocados pelo setor bioenergético. Usinas e produtores são vítimas
26-08-2024

Desde quinta-feira, 22, os canaviais da região Centro-Sul, sofrem com uma onda de incêndios, muitos deles criminosos, que provocaram danos agrícolas e ambientais, pânico, perdas materiais e de vida

Neste fim de semana, o dia virou noite no interior paulista, parte de Minas Gerais e Goiás. Uma onda de incêndios varreu canaviais, florestas, acostamentos de estradas. Os ventos fortes espalharam fogo, fuligem e poeira para as cidades e estradas, muitas foram fechadas, assim como aeroportos do interior paulista. São incêndios criminosos que provocam o caos, danos agronômicos, ambientais, à saúde e até mortes.

Os atos criminosos se intensificaram a partir de quinta-feira, 22. Com um grande incêndio que se alastrou rapidamente por uma área de canavial próxima à Rodovia Armando de Sales Oliveira (SP-322). Alcançaram as imediações do bioparque Santa Elisa, da Raízen, em Sertãozinho, SP. A unidade chegou a ser evacuada como medida de segurança, pois o fogo atingiu a área de reserva de bagaço. No combate ao fogo, além do Corpo de Bombeiros, trabalharam as brigadas, caminhões pipa e veículos de intervenção rápida do Bioparque Santa Elisa e de outras unidades da Raízen.

O vento fez as chamas se alastrarem, obrigando a evacuação imediata das sedes e casas localizadas nas propriedades atingidas. São produtores rurais associados à Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), que na sexta-feira divulgou uma nota de repúdio e esclarecimentos acerca dos incêndios criminosos que vêm atingindo imóveis rurais da região. No documento, reforça a informação que os incêndios não são provocados pelos produtores de cana-de-açúcar e tampouco pelas usinas e isso se dá por várias razões, grande parte delas evidenciada no protocolo "Etanol Mais Verde", firmado em 2017 entre produtores, usinas e o Governo do Estado de São Paulo, onde deixaram claro e afirmaram o compromisso do setor com a preservação do meio ambiente e com a extinção da queimada como método de colheita da cana.

“Um canavial atingido por incêndio pode se deteriorar significativamente dentro de poucos dias ocorrendo perdas da qualidade dos açúcares, aumento da presença de impurezas e a decomposição dos tecidos vegetais da matéria prima, tornando a cana inadequada para o processamento industrial. O incêndio na palhada é também altamente prejudicial, acarretando principalmente perda de matéria orgânica dos solos, perda da biodiversidade dos solos e compactação”, informa a associação.

Além disso, aponta que os incêndios trazem prejuízos econômicos diretos aos produtores rurais, trazendo diversas implicações legais, com aplicação de multas de valores elevados, partindo de R$ 1.000,00 por hectare de cana queimada, indo até R$ 7.000,00, por hectare de vegetação nativa queimada, isso quando não há incidência de agravantes, o que pode levar a duplicação ou triplicação desses valores, tudo sem prejuízo da obrigação de reparação dos danos ambientais e responsabilização criminal.

Infelizmente, esse incêndio foi só o começo de um fim de semana em que o fogo trouxe pânico à população do interior e a fuligem chegou até a capital paulista, tingindo seu céu de preto. Muitos, imediatamente, divulgaram que a culpa é do agro, das usinas que queima cana.

Mas não é isso, o setor é vítima, com prejuízo de mais de 1 bilhão de reais. Suas brigadas trabalharam e trabalham incessantemente para apagar os incêndios em suas propriedades, nos vizinhos e atender cidades. E, como defesa, o setor contribuirá para levantar os verdadeiros culpados, utilizando suas tecnologias de ponta e uso de satélites. E até oferecendo recompensa em dinheiro para quem denunciar os criminosos.