Os títulos de dívida atrelados ao dólar americano para empresas exportadoras
28-10-2015

Acredita-se que mais de 50% das dívidas do setor bioenergético canavieiro sejam denominadas em dólar


Marcos Tulio Bullio – MBF Agribusiness

Muitas empresas exportadoras, das quais fazem parte uma grande parcela das empresas do setor bioenergético canavieiro, emitiram títulos de dívida denominados em dólar, supondo que, por serem exportadoras, estavam protegidas da valorização da moeda americana frente ao real.

No entanto, aquela hipótese de proteção natural não tem sido verificada na prática. Os últimos eventos econômicos de desvalorização do real frente ao dólar americano e de forte baixa dos preços do açúcar no mercado internacional desmontaram aquela crença.

As empresas exportadoras brasileiras, regra geral, produzem commodities, cujos preços são ditados pelo mercado internacional e tomados pelas empresas. Assim, o valor em dólares que será realizado pelas exportações, depende sempre desse mercado. Ainda que, no final das contas, a receita em reais aumente, o que se tem notado é uma diminuição da receita em dólar. E a suposta proteção fica bastante prejudicada, senão anulada. Será necessário um volume muito maior de produtos para amortizar a dívida e pagar os encargos financeiros.

A empresa que emitiu títulos de dívida denominados em dólar quando a cotação do açúcar estava em US$ 0,15 / libra-peso, por exemplo, necessitava de 3.024 gramas para amortizar cada dólar da dívida. Com o açúcar a US$ 0,12 / libra-peso, necessita de 3.778 gramas para amortizar o mesmo dólar da dívida. Ou seja, 25% a mais de produtos. Esse é um crescimento real da dívida. As despesas financeiras aumentarão na mesma razão da dívida. Ou seja, também exigirão mais produtos para serem liquidadas. O que se observa, no final, é um crescimento real da dívida e de seu custo. A conclusão é que não há proteção natural para dívidas denominadas em dólar oriundas de exportação de commodities.

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