País precisa de logística para administrar a produção, avalia Bunge
27-11-2015

O Brasil não precisa desmatar para ampliar a produção de grãos, já que é possível avançar sobre áreas degradadas, afirmou o presidente da Bunge Brasil, Raul Padilla, durante o Summit Agronegócio Brasil 2015, realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo com patrocínio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).
Para Padilla, o Brasil tem o potencial de atender boa parte do avanço da demanda global por alimentos na próxima década e pode fazer isso de uma forma sustentável. "Não é preciso promover desflorestamento para expandir a produção; é preciso recuperar áreas degradadas", disse. "O Brasil tem uma extensão tremenda de norte a sul que faz com que os problemas climáticos tenham um impacto menor na produção. A disponibilidade de água doce também é fantástica e a distribuição pluviométrica que temos aqui contribui para a produtividade, além de ser o 'paraíso da fotossíntese', com muita radiação solar."
Por outro lado, ele disse que o País precisa de uma logística melhor. "Uma logística para administrar esta fantástica produção", disse.
Como exemplo, ele citou a necessidade uma rodovia 'transitável' que possa impulsionar as exportações pelo chamado corredor norte, como os novos sistemas portuários na região.


Açúcar
As perspectivas para os preços internacionais de açúcar são mais positivas para o próximo ano, disse o presidente da Cosan, Marcos Lutz, no evento realizado em São Paulo. "Tenho uma perspectiva mais altista, vendo a demanda global no ano que vem maior do que a oferta. Há vários anos isso não acontecia", disse Lutz, acrescentando que isso tende a se ampliar, já que não se vê no setor sucroalcooleiro um movimento de expansão da indústria, por causa da dívida do segmento.
Ele estimou um valor, em reais, perto de 60 centavos por libra-peso. "É um número razoável", disse. Segundo Lutz, apesar de a projeção ser de uma produção maior de cana-de-açúcar, a moagem deve ser reduzida. "Com o (fenômeno climático) El Niño são esperadas muitas chuvas." Para Lutz, o setor deve virar o ano com uma quantidade grande de cana bisada no Centro-Sul do País. "Vemos as usinas começando a moer mais cedo no próximo ano e, assim, devemos ter uma entressafra mais curta", completou.
Cide
Sobre a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), imposto para o qual o setor esperava uma nova elevação ainda este ano, Lutz disse que faz sentido a taxação no longo prazo. "O governo, quando busca novas fontes de receita, deveria olhar a Cide com carinho", afirmou. "No entanto, essa contribuição tem um componente inflacionário que afeta diretamente o preço da gasolina ao consumidor", ponderou.