Pão-de-Galinha deixa de ser praga secundária e preocupa unidades da BP Bionergy em Goiás
29-07-2025

Estratégias envolvem identificação de espécies, uso de entomopatogênicos e manejo técnico intensivo
Por Andréia Vital
A BP Bionergy acendeu o alerta para uma praga frequentemente subestimada: a chamada “Pão-de-Galinha”, nome popular dado a larvas da família Melolonthidae (coleópteros conhecidos como corós). Embora considerada uma praga secundária em algumas regiões do país, sua ação tem provocado danos expressivos nas unidades da empresa em Goiás, especialmente na unidade de Tropical, onde se concentram as espécies Diloboderus e Phyllophaga.
Hayrá Reis, Gerente Corporativa de Fitotecnia, Experimentação e Qualidade da BP, em apresentação no Insectshow, realizado na última semana, em Ribeirão Preto – SP, destacou que as perdas estimadas com a praga somam cerca de 200 mil toneladas de cana em apenas duas unidades, o que evidencia a necessidade de revisão da percepção sobre o impacto dessa praga no campo.
Segundo ela, o entendimento do ciclo é chave para o controle. As larvas dessas espécies passam a maior parte do ciclo no solo, alimentando-se das raízes. O ciclo do Diloboderus, por exemplo, foi mapeado pela equipe técnica e mostram que a oviposição ocorre entre janeiro e março, com preferência por áreas com matéria orgânica elevada, como bacias de vinhaça. O desenvolvimento larval ocorre em três instares, permanecendo no solo durante quase todo o ano. Já a pupação (pulpa) inicia-se em outubro, fase de baixa sensibilidade a defensivos e a revoada dos adultos é associada a volumes maiores de chuva, com pico entre 7h30 e 8h30 da noite.
De acordo com a engenheira, aplicar inseticidas durante a fase de pulpa é ineficaz, reforçando a importância de alinhar o controle ao estágio correto da praga. “O problema não é o produto, é o timing da aplicação”, afirmou.
A identificação das espécies tem sido feita com uso de trincheiras padronizadas de 50 cm, divididas em cinco partes, onde se contabilizam as formas biológicas por profundidade e estágio de desenvolvimento. Esse levantamento vem sendo conduzido há três anos com apoio de dados climáticos, especialmente para diferenciar entre as espécies predominantes e outras ainda não identificadas.
Um sistema de coleta com armadilhas luminosas (caixas d’água com luz atrativa e detergente) tem ajudado na quantificação e identificação dos adultos, com destaque para os besouros de Diloboderus, que atingem tamanhos surpreendentes.
A companhia tem investido fortemente no uso de nematoides entomopatogênicos, com resultados promissores nas áreas comerciais. Aplicações realizadas durante o período chuvoso mostraram diferenças visíveis na infestação após apenas 15 dias. “Foi surpreendente. A ação foi visível a olho nu”, comentou a agrônoma. Além disso, o uso de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae segue em expansão, com aplicações via vinhaça localizada.
Desafios e perspectivas: escassez de mão de obra e futuro tecnológico
A escassez de profissionais dispostos a atuar no monitoramento manual intensivo preocupa. Com o trabalho sendo exaustivo e pouco atrativo, muitos preferem migrar para operações mecanizadas, como colheita. Por isso, a BP Bionergy defende o investimento urgente em tecnologia de campo, buscando formas mais eficientes de monitorar populações de pragas ao longo do tempo.
“Não há controle eficiente sem conhecer o inimigo. Precisamos entender o ciclo, a espécie, o hábito. Sem isso, estamos apenas jogando produto no escuro”, afirmou a especialista.
Confira:
Fonte: CanaOnline