Para Bioagência, dólar em alta pressiona endividamento de usinas
28-08-2015

A disparada do dólar ante o real, para um patamar superior a R$ 3,60 nesta quarta-feira, coloca ainda mais pressão sobre as usinas de cana-de-açúcar do Brasil que têm endividamento na moeda norte-americana. "Do dia para a noite, a dívida pode aumentar até 30% sem nenhum novo ativo", explicou ao Broadcast o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues.

Empresas como a Biosev, braço sucroenergético da Louis Dreyfus Commodities, e a Tereos Internacional, controladora da Guarani, por exemplo, reportaram que seus endividamentos em dólar no primeiro trimestre do ano-safra 2015/16 (abril, maio e junho) atingiam, respectivamente, 78% e 55% das dívidas totais.

Para Rodrigues, o ponto positivo da valorização da divisa dos Estados Unidos é a remuneração maior que as companhias podem ter com a venda de açúcar e etanol. "Se os preços do açúcar não entrarem em ´colapso´, acompanhando o câmbio, é uma boa notícia, porque as empresas receberão mais em reais", comentou o diretor da Bioagência.

Com relação ao etanol, Rodrigues afirmou que, mesmo a R$ 3,60, o dólar ainda não oferece janela competitiva para exportação. "Estamos no ´zero a zero´, mas (a janela) ainda está fechada. Dependendo do transcorrer do câmbio, pode se tornar competitivo." Conforme o executivo, o Brasil deve exportar em torno de 1,5 bilhão de litros de etanol neste ano e 22 milhões de toneladas de açúcar.

José Roberto Gomes