Para Marcos Fava Neves, nova política de preços da Petrobras pode sufocar hidratado
18-05-2023

Na visão do economista, tentar manter a paridade internacional, valorizar a emissão de cada combustível e redução tributária no etanol (imposto verde) seriam algumas das soluções para que o segmento não sofra prejuízos

A Petrobras anunciou esta semana uma nova política de preços de diesel e gasolina, abandonando a paridade de preços de importação que vigorava desde 2016. A partir de agora, as referências de mercado serão o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a estatal.

Embora o funcionamento da nova política ainda esteja pouco claro, a nova medida deve reduzir o preço dos combustíveis fósseis na bomba e espaçar os reajustes. Todavia, esse maior incentivo ao uso da gasolina poderá prejudicar o etanol, que embora seja um combustível verde e que gera milhares de empregos pelo país, ainda tem como seu maior atrativo o preço inferior ao do seu principal concorrente.

Professor, cientista e um dos maiores especialistas em agronegócio mundial, Marcos Fava Neves vê a nova política da Petrobras de forma mais negativa do que positiva. Na sua visão, o mercado realmente precisa de mais estabilidade, sendo essencial também que parte dos benefícios acarretados pela presença de petróleo em território nacional, além de alta capacidade produtiva, volte de alguma forma ao usuário final. No entanto, ele salienta que existem formas melhores para isso do que intervir em um preço de mercado.

Era melhor fazer um programa de cashback, semelhante ao da Nota Fiscal Paulista, com o usuário de diesel e gasolina usando os dividendos da união e, com isto, manter a política de preços de mercado e não prejudicar o valor das ações da empresa.”

Segundo ele, caso seja uma medida populista, essa nova política poderá sufocar o hidratado e, consequentemente, derrubar o preço do açúcar, prejudicando duplamente o segmento sucroenergético. “O Brasil deveria estimular o uso do etanol, e deixar o petróleo e a gasolina para exportação”, declara.

Para Neves, tentar manter a paridade internacional, valorizar a emissão de cada combustível e redução tributária no etanol (imposto verde) seriam algumas das saídas para que a nova política não afete demasiadamente o mercado de etanol e o segmento sucroenergético como um todo.