“Para não morrer hoje, não renovo o canavial”

20-03-2017

Este tem sido o pensamento de muitos, que com o caixa abalado, preferem não renovar e aproveitar os bons preços do açúcar

A expectativa inicial para renovação do canavial em 2017, na região Centro-Sul do Brasil, era que ficaria em torno de 17%, mas não é o que está ocorrendo, já caiu para próximo de 11%, dois pontos a mais que os 9% de renovação registrados em 2016.
Com isso, os canaviais ficam cada vez mais velhos e com menor produtividade. Mesmo assim, não renovar este ano, e ter mais cana agora para aproveitar os melhores preços do açúcar, passou a ser a alternativa adotada por muitos produtores e usinas que estão com o caixa abalado.
Mas não renovar o canavial que já pedem por isso, não significa ter menos cana na próxima safra? “Sim, mas quem está apertado pensa no hoje. Se renovar, terá menos cana neste momento de bons preços, então arrisca. Tenta garantir uma entrada maior de dinheiro no caixa. Aí, a próxima safra vai ver como fica”, diz Acácio Masson, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Bariri, SP, Assobari.
De acordo com Masson, no caso dos produtores de cana, esta opção é fortalecida pela situação financeira crítica que muitos passam, sem dinheiro em caixa, sem credito e com dívidas, não têm como renovar o canavial. “O atual preço pago pela cana empata com o que foi investido no canavial, mas de 2012 a 2015 trabalhamos no vermelho, o produtor acumulou dívidas, não conseguiu pagar e está sem crédito, então o pensamento é: para não morrer hoje, não renovo o canavial”, salienta. A Assobari conta com 270 associados que juntos produzem cerca de 60 mil toneladas, fornecem para três usinas, sendo que uma delas não está pagando.
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