Para o controle de Sphenophorus levis funciona cortar as soqueiras durante o período seco do ano?
31-10-2022

Na visão do produtor rural e vice-presidente da Coplana (Cooperativa Agroindustrial), José Antonio de Souza Rossato Júnior, a maior eficiência está em conduzir o corte de soqueira apenas nas pontas da safra

As primeiras infestações de Sphenophorus levis (Sl) em canaviais brasileiros datam da década de 1980. No entanto, em função do modelo de produção da época (cana queimada), a ação da praga não era tão preocupante. Além disso, sua presença se limitava basicamente a região paulista de Piracicaba. Esse cenário começou a mudar a partir de 2005, quando o fim da queima e o início da colheita de cana crua criaram um ambiente extremamente propício ao desenvolvimento da praga, que desde então se alastrou para praticamente todas as regiões canavieiras do Centro-Sul do país.

Hoje, só não tem Sphenophorus levis quem não procurou. Estimativas apontam que a cada 1% de tocos atacados há a redução de 1,6 toneladas de cana por hectare. Além disso, em função da abertura de galerias na base dos colmos, ocorre o amarelecimento e secamento das folhas e morte dos perfilhos. Sob infestações altas, as touceiras morrem e são observadas muitas falhas na rebrota, reduzindo drasticamente a produtividade e a longevidade dos canaviais. Com tamanhos prejuízos, o Sl tirou o sono de muitos produtores e gestores de usinas ao longo da década passada.

No entanto, na visão do produtor rural e vice-presidente da Coplana (Cooperativa Agroindustrial), José Antonio de Souza Rossato Júnior, o setor parece ter perdido o medo desse inseto, levando a um retrocesso e negligência no manejo da praga. “Tem se tornado comum a instalação de canaviais em áreas infestadas. Sem falar que não temos aproveitado a reforma para se certificar que não existem formas biológicas do inseto naquela lavoura.”

Para o produtor, “cana sobre cana” não é viável. O recomendado é apostar na rotação com leguminosas ou adubos verdes. Outro ponto levantado por Rossato é relacionado as mudanças na implantação da Meiosi e/ou Cantosi. “No começo, utilizávamos unicamente Mudas Pré-Brotadas (MPBs) com sanidade comprovada. Porém, a alta demanda de água durante o transplantio se tornou um contratempo. Dessa forma, o setor passou a dar preferência para o uso de toletes convencionais. O problema é que, muitas vezes, não olhamos para a qualidade desses toletes, que podem acabar vindo infestados de outras áreas.”

O vice-presidente da Coplana questiona a eficiência do cortador de soqueiras durante o período seco do ano. “O principal motivo de realizarmos essa prática é o controle de adultos. Contudo, seu pico populacional ocorre nos períodos mais úmidos. Portanto, minha recomendação é conduzir o corte de soqueira apenas nas pontas da safra.”

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