Pela segunda vez, governo eleva juros de longo prazo
27-03-2015

O governo decidiu elevar em mais 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano, a taxa de juros de longo prazo cobrada pelo BNDES na maior parte dos seus empréstimos.

A decisão, tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, composto por BC e ministérios da Fazenda e do Planejamento), era esperada e está em linha com a política de ajuste fiscal.

Isso porque o aumento, o segundo consecutivo, reduz a diferença entre a TJLP e a taxa básica de juros, a Selic. Cobrir a disparidade entre as duas taxas implica custos para o governo, que serão atenuados com a elevação aprovada nesta quinta-feira (26).

Mesmo assim, com o ciclo de alta da Selic, que está em 12,75%, e a inflação acima de 7%, essa diferença permanece alta. A alta anterior da TJLP, que é fixada trimestralmente, aconteceu em dezembro, ainda na gestão da antiga equipe econômica, de Guido Mantega, mas já sob orientação do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Em nota, o CMN informou que a decisão da alta foi tomada "procurando refletir melhor as condições financeiras atuais e observando o cenário macroeconômico internacional".

Segundo dados do Banco Central, os empréstimos do BNDES a empresas caíram quase pela metade no primeiro bimestre deste ano em comparação com mesmo período do ano passado.

Em janeiro e fevereiro, o banco financiou R$ 15,7 bilhões, enquanto em janeiro e fevereiro de 2014, as empresas tomaram emprestados R$ 28,6 bilhões.

A queda é um reflexo do momento da economia, que deve encerrar o ano com retração de 0,8%,de acordo com analistas consultados pelo BC, ou de 0,5%, segundo projeção da entidade comandada por Alexandre Tombini.


Rural

O CMN também elevou nesta quinta-feira as taxas de juros do Moderfrota, programa de financiamento do BNDES para a compra de tratores, colheitadeiras, plantadeiras, semeadoras e outros equipamentos para lavoura.

As taxas subiram de 4,5% para 7,5% ao ano no caso dos beneficiários cuja receita operacional bruta seja de até R$ 90 milhões. Para quem tem receita acima de R$ 90 milhões, os percentuais tiveram aumento de 6% para 9%.

Sofia Fernandes