Pesquisa da Esalq analisa o potencial da biomassa da cana-de-açúcar
21-10-2015

Natália de Campos Trombeta, pesquisadora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), realizou um estudo para sua dissertação de mestrado que objetivou identificar e quantificar o potencial de biomassas de cana-de-açúcar (bagaço e palha) para geração de energia e produção de etanol celulósico.
Em seu estudo, ela relata que, nacionalmente, a matriz energética vincula-se majoritariamente à fonte hídrica fazendo com que, em períodos de escassez pluvial, a segurança energética seja comprometida. Nesse contexto, conta a pesquisadora, que a energia termelétrica, em especial, a produzida por meio de biomassa de cana-de-açúcar, mostra-se como uma alternativa sustentável ao abastecimento e segurança energética do País.
Segundo dados da assessoria de imprensa da Esalq, a pesquisadora realizou um mapeamento das unidades produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul, utilizando-se de um levantamento de dados para a safra 2013/2014 com 77 usinas para o desenvolvimento de indicadores agronômicos (quantificação da oferta de bagaço e palha de cana-de-açúcar), tecnológicos (potencial de cogeração do setor) e mercadológicos (preços de energia elétrica, participação nos diferentes ambientes de comercialização).
A partir dessas informações foi proposto um modelo matemático de alocação ótima de oferta de biomassa das mesorregiões produtoras da região Centro-Sul, com a finalidade de promover a maximização do lucro do setor canavieiro. O modelo também foi sugerido para identificar as mesorregiões com maior potencial de fornecimento de biomassa de cana-de-açúcar para produção de energia e as mesorregiões com maior potencial de investimento em ampliação do parque cogerador.
Outros dois fatores integraram a proposta do modelo – entender o “mix” ótimo de escolha na utilização de biomassas de cana-de-açúcar nas mesorregiões estudadas e, finalmente, interpretar esses resultados do ponto de vista econômico, sob diferentes cenários setoriais.
Os dados levantados pelo desenvolvimento dessa pesquisa operacional aplicada proporcionaram a geração de resultados coerentes e norteados à melhor assertividade do planejamento estratégico da alocação de biomassa no setor para fins energéticos (eletricidade e etanol). Esses efeitos foram divulgados de forma média para o Brasil e mesorregiões localizadas na região Centro-Sul. De modo geral, os indicadores agronômicos para uma usina média do Brasil apresentam moagem média de 3 milhões de toneladas de cana, 8% de impureza vegetal e 88% de colheita mecanizada. Tais indicadores proporcionam uma oferta de bagaço e palha ao sistema de, aproximadamente, 1 milhão de toneladas de biomassa.
Os indicadores tecnológicos no Brasil evidenciaram que 39% das caldeiras amostradas apresentaram tecnologia de baixa pressão de vapor (21 bar), 22% (até 48 bar), 5% (até 65 bar) e 34% (acima de 65 bar). Os turbogeradores amostrados foram de 69% contrapressão simples, 14% com extração e 17% condensação.
Nos indicadores mercadológicos verificou-se que, para as usinas que exportaram energia, na safra 2013/2014, a participação de 53% no mercado livre a preços médios de R$ 230,00/MWh e 47% no mercado regulado com precificação de R$ 191,00/MWh. Relativamente aos resultados verificados na modelagem proposta, foi possível avaliar a alocação ótima de biomassa nas mesorregiões e potencial de exportação de energia, etanol celulósico e investimentos de expansão.
“A partir de tais resultados possibilita-se o direcionamento mais assertivo do planejamento estratégico, de investimentos e de políticas públicas para o aumento da sustentabilidade do setor canavieiro”, conclui a pesquisadora.
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