Poder de compra de fertilizantes recua em junho com alta nos insumos e retração das commodities
11-07-2025
Índice IPCF sobe 4,8% em meio a tensões geopolíticas, elevação nos preços da ureia e queda acentuada do milho e da cana
O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) encerrou o mês de junho de 2025 com alta de 4,8%, atingindo 1,26 pontos. O movimento reflete um cenário marcado por conflitos internacionais, instabilidade no mercado de insumos e condições climáticas contrastantes entre regiões produtoras. Mesmo com a valorização do real frente ao dólar, o índice subiu principalmente devido ao aumento expressivo nos preços dos fertilizantes, que avançaram 3,7% em média no mês.
Entre os produtos com maior impacto no índice, a ureia liderou a alta com 9% de valorização, seguida pelo fosfato (4%), superfosfato simples (2%) e cloreto de potássio (1%). O encarecimento desses insumos elevou os custos de produção em um momento em que parte do mercado ainda busca se posicionar para a safra de verão.
Enquanto os fertilizantes subiram, os preços das commodities agrícolas analisadas no IPCF apresentaram queda média superior a 1%. A soja foi a exceção, com alta de 3%, e o algodão manteve-se estável. No entanto, o recuo de quase 7% no milho e de cerca de 5% na cana-de-açúcar puxou a média geral para baixo.
Essa desvalorização está diretamente ligada a fatores como desempenho positivo do plantio nos Estados Unidos, com clima favorável; boa colheita da segunda safra de milho no Centro-Oeste brasileiro e preocupações pontuais com o frio intenso no Sul, que afetou algumas áreas produtoras no final do mês.
A combinação de custos em alta e receitas pressionadas gerou uma piora na relação de troca, tornando a aquisição de fertilizantes menos vantajosa para o produtor rural no período.
O IPCF é calculado mensalmente pela Mosaic Fertilizantes e avalia a relação entre os preços dos principais fertilizantes e os preços das commodities agrícolas, com base no ano de 2017. O índice serve como um importante indicador da capacidade de compra do agricultor, sendo que quanto menor o IPCF, mais favorável é a relação de troca para o produtor.
A metodologia leva em conta as culturas de soja, milho, açúcar, etanol (cana-de-açúcar) e algodão, ponderando os preços dos insumos com base no consumo médio de fertilizantes por cultura. Os dados de fertilizantes são fornecidos pela consultoria internacional CRU, e os preços das commodities são calculados a partir das cotações do mercado brasileiro divulgadas pela Agência Estado e pelo CEPEA. O modelo também considera o câmbio, com peso de 70% no custo dos fertilizantes e 85% na receita das commodities.
Com cerca de 25% das negociações para a safra de verão ainda pendentes, o atual patamar do IPCF indica a necessidade de planejamento estratégico nas decisões de compra. A recomendação é evitar deixar as aquisições para o último momento, o que pode agravar eventuais gargalos logísticos em um cenário global ainda volátil.
A atenção agora se volta para as condições climáticas nos EUA e no Brasil, que seguem determinantes para o comportamento das commodities e desdobramentos geopolíticos, que continuam impactando preços e disponibilidade de insumos.
O cenário exige prudência por parte dos produtores, com foco na gestão eficiente de custos e avaliação contínua da relação de troca. A volatilidade do mercado reforça a importância de ferramentas de hedge, contratos antecipados e análise técnica especializada.

