Por não priorizar a energia da biomassa, veja o que o país desperdiçou nos últimos dez anos
09-07-2015

Para o consultor Onorio Kitaiama, o governo brasileiro não tem uma definição de política energética, muito menos uma posição clara quanto às energias renováveis. “Se o governo quisesse definir que a prioridade do Brasil é por energias limpas e renováveis, que se quer ter um país com uma matriz energética limpa, estaria disposto a criar incentivos de longo prazo para viabilizar tudo isso, o que não existe.” Para o empresário investir em bioeletricidade precisa de regras claras e previsibilidade.

Além disso, fica evidente que o governo ainda não conhece devidamente as externalidades da energia da biomassa. E não valoriza devidamente os benefícios decorrentes da energia que vem da cana-de-açúcar. “Se comparar com energia eólica, quem oferece a matéria-prima para a geração de energia é a própria natureza, por meio do vento. Não se faz investimento nisso. O investimento ocorre para aproveitar o que é oferecido pela natureza.”
Diferente de quando se gera energia por meio do bagaço de cana. “Neste caso, tenho que plantar a matéria-prima. E para este cultivo, aciona-se uma cadeia produtiva imensa e totalmente nacional. São empresas de máquinas, fertilizantes, fitossanitários, prestadores de serviços. A geração de emprego é numerosa e a geração de riqueza é muito ampla. Além disso, o açúcar e o álcool bancam levar o bagaço até a indústria.” Por outro lado, segundo ele, a geração de energia torna a produção de etanol e açúcar mais competitiva.
Isto significa que criar mecanismos de incentivo dessa modalidade de geração de energia cria um ciclo extremamente positivo, sem contar o próprio incremento de energia limpa que se tem.
Será que a população, os políticos, a imprensa têm dimensão do benefício da bioeletricidade para o país? O custo dessa energia pode ser até um pouco maior do que a eólica, mas será que não vale a pena diante dos benefícios que estão atrelados a ela?
“Um MW gerado a partir do bagaço de cana tem um impacto extremamente positivo para a economia do país. Isto que tem de ser analisado. Mas, até hoje, o governo nunca se preocupou em fazer isso. Em calcular os diferenciais desta energia.”
Onorio conta que, quando a bioeletricidade começou a ser oferecida ao sistema elétrica de forma mais significativa no Brasil, por volta de 2005, “não tinha no país uma energia como a nossa. E era uma energia que entrava no período seco do ano”.
Segundo ele, nos cálculos daquela época, a cada 1.000 MW médios de energia de bioeletricidade, se conseguia economia 4% de água nos reservatórios, o que foi constatado pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
“Por essa conta, se tivesse 5 mil MW médios de energia de biomassa sendo gerados, isso daria 20% de economia de água no sistema. Seria mais um mecanismo de segurança no abastecimento, e é muito mais eficiente do que esse mecanismos das térmicas usado atualmente, que impõe preço absurdo e é altamente poluente. Mas para ter essa energia da biomassa, é preciso um política efetiva e de longo prazo que incentive sua entrada no sistema.”
Se o governo tivesse entendido os benefícios da biomassa e priorizado esta alternativa (o que não impediria o incentivo a outras fontes limpas e renováveis), a geração de bioeletricidade no país teria ganhado um grande impulso desde 2005, beneficiando o meio ambiente, incrementando o potencial de geração de energia, economizando água dos reservatórios das hidrelétricas e contribuindo com a economia do país.

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