Porque a cana precisa de maturador
29-05-2017

Para entender a necessidade do uso de maturadores em cana-de-açúcar, é preciso ter uma visão sobre a fisiologia da planta. O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Carlos Alberto Mathias Azania, explica que um canavial com oito meses de idade, a partir do meio de fevereiro, irá começar a receber estímulos naturais para crescer e florescer, como luz noturna por cerca de 11 horas e 30 minutos, umidade no solo e temperatura por volta de 18°C durante a noite. “Caso esses fatores se perpetuem por 10 dias consecutivos, a cana passará a consumir a sacarose acumulada nos colmos para se desenvolver.”

Sabendo disso, as usinas lançam mão dos maturadores, produtos que irão estressar a planta, retardando ou até mesmo inibindo seu crescimento. Azania afirma que, desta forma, o processo de fotossíntese será contínuo, sendo que a diferença está no fato de que agora a energia será utilizada para o acúmulo de sacarose e não para emissão de folhas e formação de panículas. “A aplicação de maturadores no período de fevereiro a abril tem como função, portanto, acumular sacarose e, consequentemente, impedir o florescimento.”

Atualmente, o maior mercado de maturadores é o de início de safra, que concentra 85% das aplicações. O restante dessa porcentagem é utilizado no final do ciclo.

O pesquisador do IAC relata que, a partir do meio de setembro, o canavial volta a receber os mesmos estímulos de crescimento registrados no início do ano, como luz e temperatura noturna, além de umidade no solo, devido ao retorno das chuvas. Dessa forma, toda a sacarose acumulada naturalmente durante o meio da safra começa a ser consumida pela cana para que ela volte a crescer e florescer.
“Para evitar esse fenômeno, é aconselhável o uso dos maturadores que retardarão ou impedirão o crescimento da planta, mantendo os níveis de sacarose que já haviam sido acumulados durante o meio do ciclo.”
Para Azania, o mercado de maturadores de final de safra ainda é pequeno devido ao fato de que muitos produtores não confiam no poder da ferramenta nesse período. “Na cabeça de muitos, o maturador serve apenas para acumular sacarose, que no final do ciclo se encontra no seu ápice, levando-os a acreditar que o ganho será mínimo. Mas, na verdade, eles não entendem que, caso não utilizem o maturador, aquele ATR alto cairá gradativamente com o passar dos dias.”
Em relação ao uso de maturador no meio de safra,o pesquisador do IAC explica que nesse período não é muito comum o uso desses produtos, pois nos meses de maio, junho e julho a cana sofrerá um stress natural, seja por falta de umidade ou por queda na temperatura, fazendo com que ela deixe de crescer e passe a acumular sacarose naturalmente.

Porém, a Syngenta pensa diferente. Tanto que o Desafio MultiplicAção visa uma maior atuação exatamente neste período, em que poucas usinas fazem uso dos maturadores. Leonardo Pereira, explica que a proposta do programa é que as usinas continuem maturando nesses meses, mesmo que as condições de temperatura, umidade e horas de luz por dia favoreçam a sacarificação natural. “Em maio deste ano, por exemplo, tivemos algumas chuvas atípicas. Apenas isso já é start para a cana voltar a crescer e diminuir a concentração de açúcar. Dessa forma, o maturador entrará para falar: ‘continue concentrando açúcar porque não é a hora de crescer’.”

Entretanto, Pereira frisa que a aplicação neste período deve ser feita com juízo. “A Syngenta não está falando que num mês de julho com baixas temperaturas a usina deva adotar o maturador. O que estamos dizendo é que, nos meses de maio e junho, quando ocorrerem chuvas fora de hora, o produto irá trazer muitos benefícios.”

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