“Precisamos comunicar melhor a importância do biodiesel para a cadeia de alimentos”, diz diretor de Biocombustíveis do MME
04-05-2020

Unidade de produção de biodiesel da Granol em Anápolis-GO - Foto: Arquivo Ubrabio
Unidade de produção de biodiesel da Granol em Anápolis-GO - Foto: Arquivo Ubrabio

“Precisamos comunicar melhor a importância do biodiesel para a cadeia de alimentos, e o impacto ambiental, agora valorizado com o RenovaBio”. A declaração foi feita pelo diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Miguel Ivan Lacerda, na última terça-feira, durante um webinar organizado pela Ubrabio e Agência epbr.

O seminário virtual contou ainda com a participação do presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel, deputado Jerônimo Goregen (PP-RS) e do presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, para discutir como a crise provocada pela pandemia do coronavírus vem afetando o setor de biodiesel e quais as medidas estão sendo propostas e/ou adotadas para preservar a indústria.

“O biodiesel é super importante para a produção brasileira. Sem o biodiesel no Brasil, a gente quase não teria nenhuma indústria fazendo, por exemplo, farelo de soja. Hoje, a gente consegue uma competição entre o DDG [grão destilado seco, sigla em inglês] produzido a partir do milho e do farelo de soja, melhorando a produção de carnes. Então temos que tratar o setor de biodiesel com muito cuidado, porque ele está diretamente ligado à cadeia de alimentos. Se não existisse a estrutura do biodiesel hoje no Brasil, provavelmente, o brasileiro pagaria mais pela sua carne”, explica Miguel.

Outro ponto destacado pelo diretor do MME é a quantidade de pessoas trabalhando no setor.

“Quem nunca visitou uma usina de biodiesel deve visitar. Movimenta milhões de empregos. Milhares de produtores de soja, hoje, no Brasil, não teriam para quem vender se não fosse a indústria de biodiesel. (…) foi um ganho estratégico e para a população brasileira a gente optar por este tipo de energia”, afirmou.

Os produtores de biodiesel estão pleiteando junto ao MME antecipar a mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, hoje em 12%, para 13% a partir de 1º de julho. A medida ajudaria a compensar a queda na demanda pelo biocombustível nacional e substituiria uma parcela do diesel fóssil que é importado. Além disso, garantiria um aquecimento da economia brasileira, ao incentivar o processamento interno da soja.

“Nós estamos preocupados também nesse momento com a questão da soja, [por conta do] preço externo nós vamos ter daqui a pouco uma deficiência de soja dentro do país, e isso envolve não só o biodiesel, mas o farelo. Por isso, nós estamos pedindo ao governo a antecipação do B13 (mistura de 13% de biodiesel ao diesel), onde nós teríamos uma redução de importações e garantiríamos, portanto, um aquecimento na nossa economia”, defendeu o deputado Jerônimo Goergen.

B13

O presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, justificou a proposta de antecipação do B13, que representaria uma demanda 40 milhões de litros de biodiesel a mais por mês e teria um impacto irrisório no mercado de combustíveis.

“Estamos falando de uma coisa praticamente insignificante em relação ao mercado de petróleo, que é de 60 bilhões de litros [de diesel] por ano. O setor de biodiesel vai sofrer com uma queda de demanda da ordem de 70 a 80 milhões de litros por mês. Com o B13, nós recuperaríamos pelo menos a metade disso (40 milhões). Esse volume estaria substituindo diesel fóssil importado, que, pela demora no repasse dos preços para as bombas, termina dando margens elevadas para pouquíssimos players. É muito mais razoável dar essa contribuição do mercado interno para o setor de biodiesel se manter em pé, mesmo que ele vá sofrer uma parcela de perdas como todos os outros setores da sociedade”, explicou Ferrés.

Setor continua trabalhando e sem casos de contaminação

O presidente da Ubrabio comentou ainda sobre as boas práticas adotadas pelas indústrias de biodiesel que têm garantido a produção e abastecimento do mercado brasileiro, sem colocar em risco a saúde dos trabalhadores.

“Não existe hoje notícia de nenhum caso, em toda a cadeia de produção de biodiesel, de contaminação por coronavírus. Isto também é um grande trabalho desenvolvido pelo setor, porque tem mantido o trabalho e tem conseguido manter livre de contaminação todos os quadros de seus funcionários que não estão deslocados para o home office”, garantiu Ferrés.

 

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