Preço dos leilões desestimula mais de 200 usinas a venderem energia
20-02-2015

Segundo a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), em dezembro de 2013 o Brasil tinha 379 usinas em operação, sendo que deste total apenas cerca de 170 exportavam energia elétrica para a rede. Isto significa que mais de duzentas usinas de açúcar e etanol não comercializam energia elétrica, embora tenham disponibilidade de biomassa (bagaço e palha da cana).

Para Zilmar de Sousa, gerente de bioeletricidade da entidade, o grande entrave para o ingresso de muitas unidades neste mercado é o preço teto pago nos leilões regulados de energia. No último leilão, por exemplo, o valor foi de R$ 209, muito aquém do patamar necessário para que uma unidade do setor tenha retorno satisfatório para o investimento.
Como cada usina tem a sua realidade, não é possível afirmar qual seria o valor ideal de remuneração dos leilões. A atual política de bioeletricidade até avançou, mas os preços praticados ainda não viabilizam nenhum projeto retrofit, o que indica que o país está desperdiçando grande potencial energético.

BIOELETRICIDADE NOS ESTADOS - No Mato Grosso, por exemplo, das nove unidades de açúcar e etanol, apenas duas cogeram: Barralcool, com 166 Mw, e Itamarati, com 33 Mw. “Fizemos estudo sobre o assunto e nossas unidades precisariam investir em torno de R$ 1 bilhão em retrofit para poderem exportar energia elétrica. Mas a patamar atual de preços dos leilões não as motiva”, acentua Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindálcool-MT.
Segundo Mário Campos, presidente da Siamig, a metade das usinas de Minas Gerais vendem energia. “Temos 38 unidades, e 19 já vendem energia. Mas teríamos outras sete usinas com bom potencial para a comercialização.” Atualmente, as usinas mineiras têm capacidade instalada de 938 Mw de potência., mas apenas 246 Mw são consumidos pelas próprias usinas. “Temos capacidade de exportação de 531 Mw de potência, mas que não é toda utilizada. Em 2014, tivemos em torno de 451 Mw sendo colocados no sistema.”
Já no Mato Grosso do Sul, segundo Roberto Hollanda, presidente da Biosul-MS, tem havido um grande investimento em aproveitamento de palha e desenvolvimento de métodos de aproveitamento desse material para a próxima safra. Das 24 unidades do estado, 12 vendem energia. Na safra 2013/14, as usinas do MS exportaram 1.517 Mw, de acordo com ele.

NORDESTE – Segundo Edmundo Barbosa, presidente do Sindálcool-PB, na Paraíba duas empresas exportam energia elétrica: Biosev e Japungu, de um total de oito em operação na safra atual. “A geração a partir do bagaço representa 54 Mw. A maior parte das empresas aproveita para consumo próprio na irrigação.”
Em Alagoas, das 19 unidades produtoras em operação, basicamente quatro exportam energia e as demais utilizam a energia cogerada em suas atividades internas e nas áreas de irrigação. “Por conta da política de aquisição de energia a partir da biomassa pelo governo federal, não tem havido investimento das usinas nessa área”, frisa Pedro Robério Nogueira, presidente do Sindaçúcar-AL.

Mas Robério tem esperança de que a bioeletricidade ganhe os estímulos que merece em 2015. “Ela poderá tornar-se um negócio atrativo se o Governo Federal alterar para melhor a sua atual política energética”, conclui.

 

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