Produção de etanol deve crescer em Minas
10-06-2015

O aumento da competitividade do etanol hidratado frente à gasolina, hoje com uma paridade abaixo de 70%, percentual necessário para o combustível ficar atraente para o consumidor final, tem animado os produtores mineiros. Com isso, em um primeiro momento, os empresários do setor vão apostar em renovação do canavial, necessária para manter a produtividade. Além disso, há uma busca por otimização de operação, produção e logística.

Neste ano, os produtores mineiros estão redirecionando uma maior parte da cana-de-açúcar cultivada no Estado para a produção de etanol. Em 2014, 57% da matéria-prima colhida foram destinados à fabricação de etanol e 43%, à de açúcar. Em 2015, a proporção já deverá ficar em 60% por 40%. A diferença só não vai ser superior por conta dos contratos fechados previamente de entrega de açúcar no período para o mercado externo, que devem ser cumpridos.

O que tem motivado a mudança na produção é o aumento das vendas de etanol. Em Minas Gerais, a demanda bateu recorde em abril, o que, provavelmente, se repetirá em maio - esse último dado ainda não foi fechado. Segundo projeções da Siamig, no ano passado a demanda mensal no Estado por etanol ficou na casa de 60 milhões de litros. Em abril, pela primeira vez na história do setor, o consumo chegou aos 140 milhões de litros. E o estimado é que, em maio, tenha ficado entre 160 milhões e 170 milhões.

Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Bráulio Chaves, o maior consumo de etanol é algo já perceptível em postos de todas as regiões mineiras. A alta foi estimulada pela queda no preço do combustível após a redução da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente sobre o etanol, de 19% para 14%.

Para se ter uma noção do quanto a mudança refletiu nos preços praticados pelos postos, somente entre a primeira semana de maio e a última o combustível apresentou queda média de 1,60%, ao passar de R$ 2,249 o litro para R$ 2,213, em Minas Gerais, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Comparado com o mesmo mês de 2014, quando o combustível saía das bombas mineiras a R$ 2,275, a queda foi de 2,75%.

Mas, do outro lado, a gasolina teve uma alta anual de 12,75%, de R$ 2,978 para R$ 3,349 o litro, em média. Dessa forma, a atual diferença entre etanol e gasolina está em 66,07%, paridade positiva para a venda do combustível feito à base de cana-de-açúcar.

A parte negativa para o produtor é que o preço de venda na produção ainda está muito baixo, achatando as margens no campo. Atualmente, o litro é vendido pelo produtor a R$ 1,23 sem impostos. O ideal seria que estivesse em R$ 1,35. Por isso, tornou-se mais urgente a necessidade de apostar em maior produtividade e eficiência para que os mesmos hectares possam produzir mais cana. O objetivo é reduzir os custos de produção.