Produtor explica como obtém sucesso no plantio mecanizado de cana
25-11-2020

A utilização da plantadora automatizada de cana tem sido fundamental para Toninho Tittoto obter bons resultados no plantio mecanizado
A utilização da plantadora automatizada de cana tem sido fundamental para Toninho Tittoto obter bons resultados no plantio mecanizado

O produtor Antônio Tittoto consegue reduzir custos e diminuir o consumo de mudas, baseando-se na sua vivência com a mecanização e na experiência australiana  

Renato Anselmi

Os resultados negativos de usinas e produtores no plantio mecanizado de cana-de-açúcar são decorrentes de medidas equivocadas nesta importante etapa do processo de produção agrícola. “Profissionais que gerenciam o plantio mecanizado cometeram erros. Criaram tanta complexidade, que acharam melhor abandonar esse sistema. Não quiseram ir a fundo. É preciso aprender com quem sabe”, dispara o engenheiro mecânico Antônio Fernando Tittoto (Toninho Tittoto), produtor de cana em Serra Azul, SP.

O conhecimento pode ser adquirido – enfatiza – com quem tem amplo domínio dessa operação: a Austrália. Com 100% de plantio mecanizado, a Austrália produz 32 milhões de toneladas de cana, enquanto o Brasil tem uma produção de seiscentos milhões. “Mas, a Austrália dá aula nesse assunto”, afirma Toninho Tittoto, que fornece cana para a Usina da Pedra, de Serrana, SP.

Uma das lições que ele aprendeu com a agricultura australiana está relacionada à colheita de muda de cana. A principal estratégia adotada nessa operação é a utilização da colhedora desgastada, antes da realização da reforma no final da safra. “A parte interna das colhedoras novas ou reformadas tem quinas vivas que estragam as gemas. As curvas e arestas das máquinas usadas em toda a safra já estão arredondadas e não causam danos”, afirma.

O kit protetor emborrachado da máquina para a colheita de mudas, utilizado no Brasil, não apresenta performance satisfatória – opina Toninho Tittoto. “A cana-de-açúcar, nos períodos da manhã e da noite, tem orvalho que segura a umidade. Em decorrência disto, a borracha do kit de proteção patina e queima as gemas, pois fica sem tração para puxar a cana para dentro da colhedora”, explica.  

Segundo ele, as regras básicas em relação à muda também não podem ser esquecidas: sanidade, porte ereto, tamanho pequeno e pouca idade (no máximo oito meses). “Outro cuidado é reduzir o máximo possível o tempo entre colheita da muda e a sua distribuição no canavial. Quanto mais rápido isto for feito, há maior garantia de qualidade. O caminhão não pode pernoitar carregado. A muda apodrece. Não nasce direito”, adverte.

A utilização da plantadora automatizada de cana tem sido também fundamental para Toninho Tittoto obter resultados satisfatórios no plantio mecanizado. “É uma excelente máquina. Trabalha muito bem. Não altera a dosagem (calibrada previamente) de mudas de cana. Na outra máquina, com medo das falhas, o operador aumenta a quantidade de mudas. A melhor plantadora é a automatizada. Faz uma excelente distribuição”, compara.

Com duas plantadoras automatizadas – adquiridas há quatro anos, – o produtor de Serra Azul planta 600 hectares por ano, realizando o plantio somente durante o dia. “Eu já prestei serviço para várias usinas. Agora o meu trabalho é voltado para a Usina da Pedra. Faço também plantio de cana para alguns amigos que são produtores”, conta.

Tittoto é pioneiro e defensor da mecanização agrícola na cultura da cana-de-açúcar

Indicadores positivos - Antônio Tittoto é pioneiro e defensor da mecanização agrícola na cultura da cana-de-açúcar. “A mecanização no setor sucroenergético tem ocorrido por causa da escassez da mão de obra. A máquina nunca veio tirar emprego. Surgiu por causa da falta de mão de obra”, comenta. Ele começou a colher cana crua com máquina em uma época que não se falava nisto.

A experiência com o plantio mecanizado teve início há 14 anos.  Segundo Tittoto, o plantio mecanizado, feito de maneira correta, tem um custo bem menor do que o manual e é mais econômico do que o sistema de meiosi.

“O plantio mecanizado usa a colhedora de safra para a colheita de muda e o trator de transbordo para puxar a plantadora, o que é mais um fator de otimização. Barateia ainda mais a hora da máquina. É possível contar com os operadores de safra para o plantio. Não precisa contratar nem dispensar gente. O esquema é fechado. O teu negócio fica redondo”, resume.

Alguns indicadores obtidos por Toninho Tittoto tornam o plantio mecanizado muito viável economicamente. Ele utiliza, em média, de 10 a 12 toneladas de muda de cana por hectare. Um hectare de mudas de cana tem possibilitado o plantio de 7 a 8 hectares. Outro parâmetro, que ajuda a “fechar a conta” de maneira positiva, é o de 12 a 15 gemas viáveis, em média, por metro.

Além da vivência com a mecanização, ele tem usado o seu conhecimento de engenheiro mecânico e a observação dos procedimentos adotados pelos agricultores australianos para realizar algumas adaptações na plantadora e implantar medidas que apresentam resultados bastante positivos. “O meu plantio sai uniforme, nota 10. Não abro mão dele”, ressalta.

De acordo com ele, usinas e produtores que não conseguiram operacionalizar o plantio mecanizado, acharam melhor largar esse sistema. “Agora, vão ter que contratar mão de obra sazonal, o que é difícil”, constata.

Plantadora automatizada - Desiste do plantio mecanizado quem não faz direito a lição de casa, ou seja, quem não investe no aprendizado do sistema e não cuida adequadamente de todas as etapas dessa modalidade de plantio - avalia o engenheiro agrônomo Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas.

O sucesso da mecanização depende do uso de mudas sadias, cuidados com a colheita dessas mudas, aplicação de fungicida, inseticida e herbicida de maneira correta, preparo de solo adequado e utilização de equipamentos dotados de tecnologia eficiente – detalha.  

Uma grande aliada do plantio mecanizado tem sido inclusive a Plantadora de Cana Picada PCP 6000 Automatizada, que foi lançada pela DMB em 2014.  Essa plantadora possibilita a diminuição do consumo de mudas e a ausência de falhas, o que cria condições para o aumento da produtividade do canavial e, consequentemente, para a redução de custos. De 2014 para cá, inovações foram incorporadas na plantadora automatizada, como o sulcador com dispositivo destorroador e as caixas para aplicação de óxidos no sulco de plantio, que proporcionam melhorias ainda maiores no resultado do plantio mecanizado além de redução de custos, principalmente no preparo de solo. 

Segundo Auro Pardinho, usinas e produtores que realizam o plantio mecanizado de maneira correta estão obtendo resultados positivos. Custo por hectare bem abaixo do plantio manual e quantidade de mudas próxima a que é utilizada pela operação não mecanizada estão entre os benefícios proporcionados por esse sistema de plantio – destaca. “A operação mecanizada apresenta uma performance bastante satisfatória. Mas, é preciso aprender o sistema, ter gestão, acreditar, treinar a equipe e fazer bem-feito”, enfatiza.

Fonte: CanaOnline