Produtor faz milagre para obter boa produtividade no vale do Rio Iguapei
30-12-2015

Para superar a baixa qualidade do solo, produtor une conhecimento e tecnologia

Mais uma safra vai chegando ao fim na propriedade de Alfeu Benez Filho, 58 anos. “Um ano bom, que começou com seca, mas depois veio a chuva e a recuperação do canavial”, relata Benez, ao avaliar mais uma safra de cana-de-açúcar na trajetória da família. Filho de agricultores, ele lembra que seu pai começou na região plantando algodão. “No Oeste paulista, onde não era terra boa pra café, se plantava algodão. Apenas depois que veio o gado”, conta. Já a cana-de-açúcar é cultivada pela família desde o final dos anos de 1970, quando surgiu na região a Usina Univalem – hoje pertencente à Raízen.

Mas para a família de Benez nunca foi tão simples colocar matéria-prima de qualidade na esteira da usina. Eles produzem cana em ambientes de produção C, D e E, no vale do Rio Aguapeí. “Um solo arenoso, onde é desafiador produzir.”
Depois de anos de muita aprendizagem, hoje Benez domina os segredos de se tirar cana nos solos fracos da região. Neste ano, termina a safra com produtividade média de 73 t/ha. Para compensar a qualidade menor da terra, o caminho é ter informação. “Por isso que sempre busco participar de palestras, congressos, e tudo que aprendo procuro aplicar na lavoura.”

No ano passado, Benez fez análises das áreas e depois aplicou micronutrientes (boro), conforme informações que obteve em um evento. Atualmente, está fazendo experiência com microgel. Neste ano, a usina fez um plantio em espaçamento alternado. “E assim vamos evoluindo. Todo conhecimento agrega. Vamos incorporando tecnologia para melhorar sempre.”
Para sobreviver em terras fracas, tem que usar da tecnologia e do conhecimento. Quando a terra boa, mesmo que a pessoa não faça como manda o figurino, o resultado da safra acaba sendo bom. “Mas se eu, que estou em terras arenosas, não adubar, não fazer calagem, não escolher as variedades certas, a terra cobra um preço alto. Fatalmente vou falir.”

Mas o que atrapalha mesmo são os fatores que não dependem do conhecimento de plantar e colher. Benez lamenta que muitos custos subiram nos últimos anos. “Tanto que neste ano tive que diminuir a adubação de 10 a 15% por causa do custo. Também não renovei área neste ano, pela dificuldade de financiamento e por estar com passivo alto, resolvi dar uma empurrada no canavial. Mas no próximo ano, também não devo voltar ao ritmo normal de renovação. Vou fazer o máximo possível para só reformar o que for preciso mesmo. O que estiver em dúvida, vou jogar pra frente.”

Porém, reconhece que o produtor de cana tem um custo menor em comparação com a usina. A indústria, pela grande estrutura, tem um custo alto. “Já na minha fazenda, sou apenas eu e um capataz, então vejo quase tudo – desde as variedades, adubação, herbicidas, até participar das palestras pra gente se informar. Para o produtor, é possível ter uma visão mais global do negócio.”

“Mas a vida do produtor não está boa faz tempo. Com essa última crise, cheguei a pensar em arrendar para a usina. Somente agora, no fim de 2015, que estou vendo uma pequena luz no fim do túnel.” Diante de tantas instabilidades que marcam a vida de quem é devoto à cana-de-açúcar, ele não se ressente da possibilidade de os dois filhos não darem continuidade à tradição agrícola da família e se dedicarem à carreira de médico.

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