Produzir cana com qualidade envolve obrigatoriamente o compromisso da agrícola e indústria
26-06-2023

Essa é a posição da professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), campus de Jaboticabal, SP, Márcia Mutton

Renato Anselmi

“Se a matéria-prima não tiver qualidade, há perda de eficiência no processo e aumento do custo de produção. E isto tem impacto no êxito da empresa”. O alerta é da professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), campus de Jaboticabal, SP, Márcia Mutton.

A professora destaca que são diversos os caminhos para a melhoria da qualidade da cana-de-açúcar, a partir do monitoramento e controle eficaz de pragas, o que inclui uso de boas ferramentas de gestão, capacitação da equipe, adoção de práticas agronômicas adequadas, utilização de produtos (químicos e biológicos) de qualidade.   

Produzir matéria-prima com qualidade envolve obrigatoriamente o compromisso dos dois segmentos (agrícola e indústria) – ressalta a professora da Unesp, Márcia Mutton. “As áreas agrícola e industrial ainda estão divorciadas em diversas unidades. Mas, para que a construção da qualidade da cana não seja lenta e ineficaz, elas devem trabalhar em conjunto”, comenta.

Quando se está discutindo oportunidade de ganho na indústria – diz Márcia Mutton – um item importante em relação ao controle de pragas é a necessidade de olhar para o grupo dos não açucares, que é um grupo menor. Segundo ela, quem traz problema, cria a zona do conflito, são esses compostos, que provocam os maiores impactos sobre os prejuízos industriais. Entre eles estão o aumento de açúcares redutores, dos compostos fenólicos, das gomas e dos compostos orgânicos (ácidos orgânicos). “Todos têm uma tendência de comprometer os processos industriais e, portanto, diminuir a eficiência e rendimento”, diz.

A professora da Unesp lembra que os fenólicos são compostos que agregam cor. “Se a ponta da cana tiver broca, cigarrinha ou Sphenophorus – todos têm o mesmo reflexo no aumento de cor –, há uma elevação significativa na cor. Em decorrência disto, ocorrem dois prejuízos: o primeiro é a perda de açúcar; o segundo é a produção de fenol. Quando há aumento de fenol no caldo, ocorre dano na fermentação, na produção de açúcar, na recuperação”, detalha.

Fonte: CanaOnline