Protesto de caminhoneiros chega a 11 Estados e bloqueia porto de Santos
25-02-2015

Quase uma semana após ter começado na região Sul, o protesto dos caminhoneiros já provoca bloqueios em ao menos 11 Estados, afetando produção de alimentos, exportações e abastecimento de combustíveis.

Ainda sem liderança conhecida, os movimentos pedem redução no preço do diesel e do pedágio, tabelamento dos frentes e a sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.

O governo marcou reunião amanhã no Palácio do Planalto, para discutir com caminhoneiros e empresas de transporte (leia ao lado).

O acesso ao porto de Santos, o maior da América Latina, ficou bloqueado por quase 12 horas devido à manifestação de caminhoneiros e à ação de vândalos que incendiaram um veículo, danificaram outros e derrubaram carga na pista. Sete pessoas foram detidas.

Para liberar a pista, policiais usaram bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes.

Por volta das 21h, quando a polícia conseguiu desinterditar o viaduto, um caminhão foi incendiado. Os bombeiros fecharam as pistas centrais nos dois sentidos.


Adesões

O movimento ganhou adesão também na Bahia, no Ceará, no Pará e em São Paulo.

Caminhoneiros do Espírito Santo podem aderir à paralisação nesta quarta (25).

Nem mesmo decisões da Justiça Federal no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, obrigando a liberação das rodovias, surgiram efeito.

No Rio Grande do Sul, a Justiça determinou multa de R$ 5.000 por dia aos caminhoneiros que não deixarem as rodovias, mas a categoria decidiu manter a greve.

Em Palmeira das Missões (RS), agentes da PF chegaram a tentar notificar os caminhoneiros, mas foram ignorados.

Responsáveis, em média, por 58% do transporte de mercadorias no país, segundo o Ministério dos Transportes, os caminhões têm participação ainda mais alta em setores como o de grãos.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, 65% do transporte da soja no país foi por esse meio em 2013.

No porto de Paranaguá (PR), por exemplo, o segundo maior exportador do país, o movimento está abaixo do normal. O escoamento da soja, em plena safra, está prejudicado. Neste terça, dos 925 caminhões previstos, apenas 67 chegaram.

Segundo a direção do porto, mesmo com o fim do movimento, deverá haver lentidão no escoamento da soja.

No Paraná e em Santa Catarina, a JBS decidiu paralisar oito unidades de produção de aves e suínos. O principal problema é a interrupção no fornecimento de grãos para a alimentação dos animais e de insumos, como embalagens.

Gabriela Yamada, Tatiana Freitas e Dimmi Amora
ulo