Quanto o Brasil lucra com a soja?
19-06-2024

Brasil é o maior produtor de soja do mundo — Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN
Brasil é o maior produtor de soja do mundo — Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN

Grão respondeu por 23,2% do PIB do agronegócio e 5,9% do brasileiro em 2023

Por Luciana Franco — São Paulo

soja é a principal oleaginosa cultivada no mundo. Neste cenário, o Brasil, além de ser o maior produtor do grão, é também o país com o maior potencial de expansão da área cultivada nos próximos anos. A cadeia produtiva gerou cerca de R$ 635,9 bilhões para o país em 2023, respondendo por 23,2% do PIB do agronegócio e 5,9% do PIB brasileiro.

Os dados são de um estudo realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Em 2023 o PIB da cadeia da soja e do biodiesel cresceu 21,03% sobre o valor registrado em 2022. O aumento foi motivado tanto pela super safra de soja no campo quanto pelo aumento da produção dos derivados, com altas do PIB em todos os segmentos da cadeia produtiva.

Em relação às vendas externas, o valor exportado pela cadeia produtiva em 2023 totalizou US$ 67,6 bilhões, em alta de 10,24% sobre as vendas de 2022. Atualmente, a cultura da soja emprega mais de 2,2 milhões de pessoas de forma direta.

“A liderança da soja, no contexto do agronegócio brasileiro, promete manter-se por muitos anos ainda haja vista a crescente demanda no mercado mundial e o potencial que o Brasil ainda tem para expandir-se”, avalia Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

Os maiores produtores de soja do país são os Estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. Nesta safra, o Brasil deve colher 147, 353 milhões de toneladas do grão, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com Nepomuceno, o país tem potencial para dobrar a área cultivada com soja sem abrir nenhuma área nova. “Existe uma disponibilidade de mais de 120 milhões de hectares de pastagens, sendo que destas, mais de 70% são pastagens degradadas”, diz.

Ele explica que as pastagens disponíveis são resultado do aumento da eficiência da produção de carne no Brasil. O pesquisador lembra, que no Brasil da década de 1970, a genética era fraca, o manejo mal realizado e as pastagens de baixa qualidade.

“Com os investimentos em manejo e tecnologia, contexto onde a Embrapa teve um papel importante, houve melhoria nas pastagens, na fertilidade do solo e na genética dos animais”, diz. Com isso, sobraram áreas que agora estão sendo convertidas em lavouras em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais, entre outros Estados.

O pesquisador salienta que atualmente o cultivo de soja no Brasil é sinônimo de plantio em sistemas de produção, onde o grão é cultivado em rotação ou consórcio com outras culturas.

Segundo Nepomuceno, hoje a maior parte da produção brasileira de soja é realizada em condições sustentáveis, com técnicas como o plantio direto que promove o sequestro de carbono, preserva água, nutrientes e mantém a temperatura do solo. “Além disso, no ano passado o Brasil deixou de jogar para a atmosfera 200 milhões de toneladas CO2 equivalente por não usar nitrogênio químico”, afirma.

Na avaliação do pesquisador, a transição energética se apresenta como um enorme potencial para a cadeia nos próximos anos, “pois estamos migrando de uma economia de química fóssil para uma economia de química verde, e se tivermos um óleo mais monossaturado, obtido de variedades melhoradas geneticamente, ele será um produto bastante interessante para inserir a soja como matéria-prima renovável em substituição ao petróleo em diversas indústrias”, ressalta.

Fonte: Globo Rural