Queda de 20% no barril do petróleo assusta o setor sucroenergético
09-03-2020

Barril vai a 35 dólares derretendo a competitividade do etanol. É grande a expectativa sobre quais serão as medidas tomadas pelo governo brasileiro. Estrago depende de quanto tempo esse baixo patamar se manterá

Os preços internacionais do petróleo vêm caindo há semanas por conta dos impactos do coronavírus na demanda mundial do produto. Passaram a afundar ainda mais na última sexta-feira em decorrência do racha da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia.

E neste domingo (8/3) no Brasil e madrugada de segunda na Ásia, a cotação internacional do petróleo sofreu a maior queda intradiária dos últimos 11 anos. O preço do barril, que já caiu 10% na última sexta-feira (6), despencou mais de 20% na abertura dos mercados asiáticos. Com isso, o barril já está sendo negociado a US$ 35. O preço diz respeito ao Petróleo Brent - um petróleo cru que é usado na produção de combustíveis e começou o ano com o barril cotado a US$ 66. 

Tudo começou quando a Rússia não aceitou a proposta da Opep de reduzir a produção para tentar conter a queda dos preços do petróleo causada pelo coronavírus. A falta de acordo fez a cotação do barril sair dos US$ 49 para US$ 45 na última sexta-feira. E agora essa cotação está caindo mais porque a Arábia Saudita indicou que vai responder a Rússia com um grande aumento de produção. A medida pode inundar o mercado de petróleo e levar o preço do barril para perto dos US$ 20, em uma tentativa das autoridades sauditas de forçar a Rússia a rever seus planos de produção de petróleo.

O patamar, contudo, preocupa investidores de todo o mundo. E pode afetar até os negócios brasileiros. Afinal, esse preço tira rentabilidade da produção do pré-sal e, por isso, atinge a Petrobras.

"O petróleo vai continuar caindo e isso puxa a Petrobras para baixo. E, como tem um preço significativo no índice Ibovespa, a Petrobras acaba puxando tudo para baixo na Bolsa", alertou o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, indicando que a Bolsa de Valores de São Paulo deve ter mais um dia de muito nervosismo nesta segunda-feira (8), mesmo com a intervenção do Banco Central, que prometeu vender US$ 1 bilhão em reservas nesta segunda para tentar conter a alta do dólar na manhã desta segunda.

Também preocupa o setor sucroenergético, pois o baixo preço do petróleo.  Para o sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires,  a queda brusca de preço pode levar o Brasil para dois caminhos: a Petrobras pode reduzir o valor da gasolina, mas com o risco de inviabilizar o etanol, ou o governo pode aumentar a incidência da Contribuição da Intervenção de Domínio Econômico (CIDE) sobre os combustíveis para preservar a geração de receita da estatal.

Na avaliação de Pires, o preço do petróleo nesse patamar vai provocar um estrago na economia. O tamanho desse estrago vai depender de quanto tempo os preços vão ficar neste patamar.

 

Fonte: CanaOnline com informações do Correio Brasiliense e G1