Queda do preço da cana-de-açúcar que já é mais baixo que o custo de produção preocupa produtores e acende sinal vermelho no setor
14-09-2022

Reunião que debateu queda do preço da cana aconteceu nesta segunda, em Recife.
Reunião que debateu queda do preço da cana aconteceu nesta segunda, em Recife.

Qualquer teoria econômica coloca como premissa básica para o equilíbrio de uma atividade que o valor pago pelo produto deve ser superior ao custo de produção. Mas, isso não está ocorrendo no setor produtivo de cana-de-açúcar e isso está preocupando o segmento canavieiro que, atualmente, tem custos mais elevados de produção que o valor pago pela matéria-prima. Para se ter ideia do prejuízo, dados da Associação dos Fornecedores de Cana do Estado de Pernambuco (AFCP), que são referência para todo o Nordeste, apontam que o preço pago pela tonelada de cana caiu para R$ 166,00 e tende a cair ainda mais, enquanto o custo de produção é de R$ 181,00, gerando um saldo negativo de R$ 15,00 por cada tonelada produzida.

A queda no preço da cana-de-açúcar está atrelada a baixa no valor do etanol após a adoção da política governamental de intervenção sobre a tributação dos combustíveis no Brasil, explica o presidente da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) e da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), José Inácio de Morais. O dirigente canavieiro, junto do Diretor Técnico da Asplan, Neto Siqueira, esteve reunido em Recife (PE), nesta segunda-feira (12), com representantes de outras entidades do setor para definirem uma estratégia de enfrentamento desta grave situação.

“O Governo Federal destinou R$ 3 bilhões aos estados para compensação dos impactos provocados pela redução do ICMS sobre os combustíveis, mas, é preciso também que essa ajuda se estenda para a cadeia produtiva do Etanol, sob pena de inviabilizar um setor que gera um combustível limpo e renovável e milhares de empregos”, destacou José Inácio, lembrando que esse impacto compromete diretamente os 18 mil produtores rurais do setor, que é a parte mais vulnerável do segmento produtivo. “Os produtores também precisam ter uma compensação em função desse prejuízo”, reitera o dirigente da Asplan e da Unida.

O próximo passo agora, segundo José Inácio, é pleitear o mais rápido possível uma audiência com o ministro da Agricultura, Marcos Monti. “Vamos elaborar um documento com reivindicações justas e coerentes que possam reduzir esse impacto dos prejuízos com o valor da cana e apresentar ao ministro na esperança de que ele consiga junto ao presidente e a outros ministérios viabilizar uma saída para essa situação”, afirma o dirigente canavieiro, lembrando que o produtor de cana-de-açúcar, atualmente, está pagando para plantar.

Presidente da Asplan e da Unida, José Inácio participou da reunião