Raízen faz parceria para desenvolver SAF e biobunker de resíduo do E2G
16-08-2024

A Raízen deu seu primeiro passo efetivo para explorar a produção de biocombustíveis avançados — Foto: Divulgação
A Raízen deu seu primeiro passo efetivo para explorar a produção de biocombustíveis avançados — Foto: Divulgação

Produção de biocombustíveis avançados não implicaria na exploração de novas áreas agrícolas

Por Camila Souza Ramos — São Paulo

A Raízen deu seu primeiro passo efetivo para explorar a produção de biocombustíveis avançados, como bioquerosene de aviação (SAF) e biocombustível marítimo (biobunker), a partir de um resíduo da produção do etanol celulósico — ou etanol de segunda geração (E2G).

A companhia assinou um Acordo de Desenvolvimento Conjunto (JDA, na sigla em inglês) com a biorrefinaria holandesa Vertoro para aumentar o valor agregado da lignina, uma molécula que garante a rigidez dos tecidos vegetais e que é quebrada no processo de produção do etanol a partir de biomassa. A ideia é transformar a lignina em SAF, biobunker e também em produtos químicos e materiais.

O próprio E2G já é fruto de uma produção de um resíduo agrícola. Desta forma, a produção de biocombustíveis avançados a partir da lignina não implicaria na exploração de novas áreas agrícolas nem na exploração de novos recursos.

Essa rota de produção já é pesquisada na academia. Em 2019, a Fapesp e o Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC) firmaram uma parceria também para pesquisar o potencial de conversão da lignina em biocombustíveis avançados e outros produtos.

A Raízen tem hoje duas plantas de E2G em operação. Outras duas estão terminando de ser construídas e devem ficar prontas ainda neste ano. Mais três estão em fase de investimento. Segundo a companhia, estas sete unidades anunciadas deverão gerar até 1,5 milhão de toneladas de lignina como resíduo. A lignina também é gerada atualmente como subproduto das indústrias de papel e celulose.

A parceria com a Vertoro se concentrará inicialmente na produção de amostras em larga escala na unidade de demonstração da biorrefinaria holandesa. Essas amostras serão distribuídas a produtores selecionados nos setores de combustível, produtos químicos e materiais para testes de aplicação.

O plano da Raízen é que, uma vez validados os bioprodutos resultantes do processamento da lignina, a companhia consiga já assinar contratos de compra mínima garantida para apoiar a construção de uma unidade anexa a uma planta de E2G sua no Brasil.

A tecnologia da Vertoro, Goldilocks®, transforma quimicamente a lignina em um produto puro, com baixo teor de enxofre, altamente processável e de baixo peso molecular, adequada para uma ampla gama de aplicações de base biológica.

Fonte: Globo Rural