Reforma do canavial é o momento certo para reduzir o banco de sementes de plantas daninhas
16-12-2021

Redução do banco de sementes é essencial para que a cana possa se desenvolver ao longo dos ciclos expressando seu máximo potencial produtivo. Foto: Leonardo Ruiz
Redução do banco de sementes é essencial para que a cana possa se desenvolver ao longo dos ciclos expressando seu máximo potencial produtivo. Foto: Leonardo Ruiz

Aliar glifosato a um herbicida de longo residual no momento da dessecação do canavial é alternativa eficaz para desinfestação da área e redução do banco de sementes

Por Leonardo Ruiz

A partir dos anos 2000, com a massiva expansão do setor sucroenergético nacional, muitos canaviais avançaram sobre áreas anteriormente ocupadas por pastagens e, consequentemente, sobre seus solos, ricos em sementes de plantas daninhas, outrora utilizadas para alimentação dos rebanhos. Os resultados foram, e ainda são, altas infestações.

Atualmente, são centenas de espécies em estado de dormência nos canaviais brasileiros que esperam o momento ideal para eclodir, iniciando uma severa competição com a cana-de-açúcar por água, luz e nutrientes. Estima-se que existam de 300 milhões a 1 bilhão de sementes adormecidas por hectare na camada de 10 cm do solo. Portanto, reduzir esse banco de sementes é essencial para que a cana se desenvolva ao longo dos ciclos expressando seu máximo potencial produtivo.

Centenas de espécies se encontram em estado de dormência nos canaviais brasileiros esperando o momento ideal para eclodir

Foto: Leonardo Ruiz

Para o professor associado 3, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Jacob Christoffoleti, o momento ideal para reduzir esse banco de sementes é durante a reforma do canavial. “Caso a desinfestação não seja realizada, a cana irá nascer enfrentando intensos problemas de competição com as ervas infestantes, que estarão com níveis populacionais altíssimos devido à não adoção de métodos de controle.” O pesquisador destaca que essa técnica é fundamental também para o manejo das plantas daninhas perenes, como as brachiarias, grama-seda e a tiririca, que são muito difíceis de serem controladas após a implantação do canavial.

O ponto de maior atenção, segundo o pesquisador, é na hora da dessecação da área. Neste momento, ele recomenda o uso de glifosato aliado a um herbicida de longo residual. “A associação dessas duas moléculas no tanque de pulverização só trará benefícios. O glifosato irá controlar as plantas em pós-emergência. Já o herbicida dará um efeito residual no banco de sementes. Consequentemente, o nível de infestação estará menor na hora do plantio, o que facilitará o controle das plantas daninhas na cana-planta, com reflexos positivos também nas soqueiras subsequentes.”

Pedro Jacob Christoffoleti: “Durante a dessecação, o glifosato irá controlar as plantas em pós-emergência. Já o herbicida dará um efeito residual no banco de sementes”

De acordo com Christoffoleti, muitos ainda desconhecem os benefícios dessa técnica. Talvez por esse motivo, ela ainda não seja tão empregada pelo setor. “Às vezes, o produtor a evita por acreditar que implicará num maior desembolso. Mas ele não percebe que este custo adicional compensa pela menor necessidade de manejo posterior na cana-planta.”

O pesquisador ressalta que o plantio é um dos processos mais caros da agroindústria canavieira. É também onde se encontra o maior potencial produtivo da propriedade. “Dessa forma, o manejo de plantas daninhas deve ser feito da forma mais esmerada possível, já que até mesmo baixas infestações são suficientes para reduzir a rentabilidade e a produtividade das áreas.”

Fonte: CanaOnline