Reunião de governadores em Goiânia mostra que crise do setor é “problema de Estado”
09-03-2015

“Com reunião, os governadores reconhecem os problemas das empresas do setor e as consequências disso para seus respectivos estados”, diz Pedro Robério, de Alagoas

Na última sexta-feira, aconteceu em Goiânia, GO, um encontro histórico entre governadores para discutir apoio ao setor sucroenergético. Estiveram presentes o anfitrião, Marconi Perillo (Goiás), Geraldo Alckmin (São Paulo), chefe do executivo do estado que mais produz cana no país, Beto Richa (Paraná), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Pedro Taques (Mato Grosso). Também participou virtualmente da reunião o governador de Alagoas, José Renan Calheiros Filho. Já o chefe do executivo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, não compareceu por problema de agenda.
Ao final, os governadores assinaram uma carta de apoio às demandas da cadeia sucroenergética e se prontificaram a entregá-la para a presidenta Dilma Rousseff e a alguns ministros do governo federal. A reunião contou com a participação do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), por meio dos representantes dos estados cujos governadores estiveram presentes na reunião.
Para Pedro Robério Nogueira, presidente do Sindaçúcar-AL (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Etanol de Alagoas) e membro do FNS, o encontro dos governadores em Goiânia foi uma das melhores reuniões de autoridades que já tenha participado para abordar o setor sucroenergético. “Primeiro pela representatividade expressiva, uma vez que os estados representados correspondem a cerca de 90% da produção nacional de cana-de-açúcar.”
Além disso, os governadores demonstraram grande conhecimento sobre o setor sucroenergético. Tanto que fizeram questão de incluir alguns pontos no documento final da reunião – “A Carta de Goiânia”. Foi o caso do governador de Beto Richa, que pediu no documento iniciativas voltadas ao endividamento enfrentado pelas usinas.
Dentre os governadores, foi uníssona a defesa por medidas urgentes a favor da bioeletricidade e de medidas que garantam segurança jurídica ao setor, de modo a tirar a atividade da letargia e voltar a atrair investimentos.
A adesão destes governadores aos pleitos do setor, para Robério, demonstra que as dificuldades enfrentadas pela cadeia sucroenergética já é um problema de Estado, e não de uma atividade econômica em específico. “O fato de realizarem esta reunião é um reconhecimento dos problemas que atingem as empresas do setor e as consequências disso para seus respectivos estados.”
Por isso, segundo Robério, estes seis chefes de executivo entenderam ser relevante acolher as reivindicações do setor e retransmiti-las à presidente da República. “Deixaram claro que a mobilização que fazem pela agroindústria canavieira não tem nada a ver com bandeiras partidárias, e sim com a dimensão do problema.”
“Talvez alguns pontos reivindicados na carta não possam ser assumidos imediatamente por conta do reajuste fiscal. Mas há avanços que podem ser imediatos, como o incentivo à bioeletricidade, até pela urgência do país em ter mais energia e reduzir o risco de apagões”, diz o presidente do Sindaçúcar-AL. E o setor precisa de uma sinalização contundente do papel do etanol na matriz energética nacional. “Não é admissível um cenário de tanta volatilidade, sem regras estáveis e duradouras, o que inibe os investimentos. É preciso dizer se o etanol é ou não é uma opção governamental, tomando depois disso as medidas para se consolidar esta opção”, diz Robério.

Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.