RIDESA comemora 25 anos de história em 2015
29-06-2015

Rede Interuniversitária foi formada depois da extinção do Planalsucar, em 1990; hoje as variedades RB ocupam cerca de 70% das áreas plantadas com cana no país

No Brasil, não é sempre que uma rede de pesquisa completa 25 anos de atuação. Por isso, o setor sucroenergético brasileiro tem muito a comemorar em 2015, ano em que a RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) chega a duas décadas e meia de história.

Segundo o coordenador nacional Edelclaiton Daros, as universidades federais que integram a Rede estão se preparando para celebrar esses 25 anos. “Teremos a publicação de um documento com o histórico de cada universidade e também o lançamento conjunto de novas variedades de cana.”

A última liberação de variedades que a Rede fez foi em 2010. “Desde então estamos selecionando materiais e trabalhando muito em pesquisa a fim de oferecermos os melhores materiais para o produtor. Ficamos cinco anos de stand by para escolhermos bem as variedades a serem lançadas.”

A comemoração oficial dos 25 anos, com o lançamento de novos materiais, ocorrerá no segundo semestre de 2015, com local ainda não definido. Na ocasião, sete universidades deverão lançar novas variedades: UFPR, UFV, UFSCar, UFG, UFRPE, UFAL e UFRRJ.

Para Edelclaiton, é importante marcar a comemoração das bodas de prata da RIDESA e também relembrar a trajetória de desafios e sucesso da instituição. “É um momento histórico, pois todo o trabalho de anos em pesquisa com cana teria acabado quando o Planalsucar foi extinto. Teria sido incalculável o prejuízo para o país se as universidades federais não tivessem se organizado e formado a RIDESA”, afirma Edelclaiton.

VARIEDADES RB: AS MAIS PLANTADAS NO PAÍS

A trajetória da RIDESA começou quando uma canetada do então presidente Fernando Collor de Melo extinguiu, em 1990, o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Autarquia criada em 1933 pelo presidente Getúlio Vargas, a instituição tinha o objetivo de orientar, fomentar e realizar o controle da produção de cana, açúcar e etanol no território nacional. Premissa que redundou na criação, em 1971, do Planalsucar (Plano Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar) – órgão ligado ao IAA voltado ao desenvolvimento de novas variedades e que tinha o objetivo de contribuir com o aumento da produtividade da atividade canavieira no país.

A extinção do IAA detonou mudanças profundas no setor sucroenergético, obrigando-o a buscar alternativas para caminhar por conta própria.

O fim do Instituto também provocou o término dos trabalhos do Planalsucar, que já tinha uma história de quase vinte anos de contribuição ao setor. Sob a sigla RB, o órgão já havia liberado 19 variedades e muitas outras pesquisas estavam em curso em 1990. No entanto, a interrupção do Planalsucar deixava órfão um projeto de melhoramento de cana-de-açúcar que foi fundamental para a consolidação do Proálcool, instituído em 1975.

Mas tudo o que havia sido construído a partir do Planalsucar não poderia se acabar. Com apoio de parte significativa do setor sucroenergético, foi articulada a criação da RIDESA, composta inicialmente por uma rede firmada por convênio entre sete universidades federais (UFPR, UFSCar, UFV, UFRRJ, UFS, UFAL e UFRPE). Estas instituições eram localizadas nas áreas de atuação do extinto Planalsucar, do qual foi absorvido todo corpo técnico e infraestrutura das sedes das coordenadorias e estações experimentais do antigo órgão do IAA.

A RIDESA começou a desempenhar suas funções em 1991, aproveitando a capacitação dos pesquisadores e as bases regionais do ex-PLANALSUCAR, aos quais se juntaram professores das universidades. O trabalho em melhoramento de cana-de-açúcar passou a ser calcado em pesquisa e ensino. Depois dos anos 2000, a RIDESA passou a ser integrada por outras três universidades federais: UFG, UFMT e UFPI.

Hoje, a Rede utiliza para o desenvolvimento de seus estudos um total de 80 estações experimentais, localizadas nos estados onde a cultura da cana-de-açúcar apresenta maior expressão. Nestes 25 anos de atuação, as universidades federais deram maior ênfase à manutenção e continuidade da pesquisa relacionada ao Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar (PMGCA), que continuou a utilizar a sigla RB para identificar seus cultivares.

Depois que a RIDESA foi constituída, houve o lançamento de 59 variedades. Hoje já são 78 materiais de cana distinguidos com a sigla RB, que tem alto nível de adoção nos estados canavieiros do país. Segundo Edelclaiton, o Censo Varietal de 2014 mostra que as variedades RB ocupam cerca de 70% dos canaviais do país. As quatro variedades mais plantadas são originárias de unidades da Rede: RB867515, lançada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG; RB966928, lançada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); RB92579, lançada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL); e a RB965902, lançada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), SP. “Isto significa que a RIDESA apresentou grande eficiência nestes últimos 25 anos, dando incalculável retorno aos investimentos aplicados em pesquisa. Que isto se repita nos próximos 25 anos”, conclui Edelclaiton.


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