Roubo e furto de máquinas agrícolas cresce 52% em SP; veja como evitar
15-11-2023

Trator furtado em um sítio de Cabrália Paulista foi localizado numa mata fechada em Santa Cruz do Rio Pardo, a 64 km de distância — Foto: Tracker/Divulgação
Trator furtado em um sítio de Cabrália Paulista foi localizado numa mata fechada em Santa Cruz do Rio Pardo, a 64 km de distância — Foto: Tracker/Divulgação

Segundo o boletim Tracker-Fecap, houve 91 ocorrências ante as 60 do ano passado

Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP)

No início de outubro, um trator de R$ 186 mil foi furtado em uma cidade do litoral paulista. Dois dias depois, o equipamento foi localizado dentro de um caminhão baú em uma empresa de Jacareí, a 103 km de distância. Cinco dias depois, um trator da New Holland furtado em um sítio de Cabrália Paulista foi localizado numa mata fechada de Caporanga, em Santa Cruz do Rio Pardo, a 64 km de distância.

localização dos tratores foi possível graças a um equipamento de radiofrequência instalado nas máquinas por uma empresa colombiana que atua no Brasil há 23 anos, com maior número de clientes no Estado de São Paulo. A empresa de monitoramento, rastreamento e telemetria seguiu o sinal por terra e ar, usando uma aeronave para sobrevoar as regiões em busca do sinal de radiofrequência.

“O nosso equipamento de radiofrequência não sofre nenhuma interferência, por isso conseguimos localizar os tratores, apesar do GPS ter perdido o sinal”, diz Vitor Corrêa, coordenador do centro de operações do Grupo Tracker.

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No caso de Cabrália, a varredura foi feita em cerca de 40 cidades. “A maioria das máquinas agrícolas é levada para matagais antes de serem negociadas. Por isso, o apoio de aeronaves é muito importante. Depois que localizamos a região aproximada do esconderijo, os caçadores por terra fecham o sinal e acionam a polícia local”, afirma Corrêa.

Casos de furto ou roubo de máquinas agrícolas, especialmente tratores e também retroescavadeiras, aumentaram 51,6% nos primeiros sete meses deste ano em São Paulo, na comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados do Boletim Tracker-Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado). Houve 91 ocorrências ante as 60 do ano passado.

Os furtos tiveram uma alta mais expressiva que os roubos: passaram de 33 para 52, um crescimento de 57,58%. Apenas sete municípios registraram mais de um furto no período, com destaque para Conchas, com 4 casos. Nos roubos, o aumento foi de 44,4%: de 27 para 39 casos. A capital paulista foi responsável por 5 ocorrências, uma a mais que o registrado em Biritiba Mirim.

Erivaldo Costa Vieira, coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap, afirma que os criminosos de roubo de tratores em São Paulo não estão concentrados em uma região específica. “Eles podem operar em diferentes municípios, de acordo com as oportunidades.”

A empresa não tem dados sobre os furtos e roubos em todo o país nem boletim mais atualizado. Já as estatísticas policiais não separam roubos e furtos de máquinas agrícolas de outros veículos. 

Por que aumentaram os roubos?

“O crescimento do agronegócio tem relação direta com o aumento de ocorrências. O aumento da frota provoca uma maior exposição das máquinas agrícolas, que ultrapassam, facilmente, a casa dos seis dígitos, motivando o crime. Após o furto ou roubo, os veículos são descaracterizados, com a retirada de placas, adesivos e possíveis identificações e são revendidos em outros estados como Goiás, Paraná e Mato Grosso”, diz o coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, Vítor Corrêa.

Airton Pereira da Silva Junior, que também trabalha nas operações da Tracker, acrescenta que as quadrilhas têm migrado para esse ramo porque é uma atividade bastante lucrativa. Segundo ele, não há furtos ou roubos para desmanche de peças. As máquinas são vendidas inteiras por cerca de 50% ou 40% de seu valor real.

“O fato é que há facilidade em furtar os equipamentos porque muitas máquinas ficam em locais vulneráveis, sem segurança física ou eletrônica. Além disso, o trator não tem placa e o chassi é uma plaquinha pequena que pode ser facilmente adulterada, diferentemente de um caminhão”, conta Silva Junior.

Como evitar

Os especialistas da Tracker sugerem alguns cuidados básicos para evitar o furto ou roubo ou dificultar a ação dos ladrões. Veja as dicas:

  1. Não deixar os maquinários em locais vulneráveis, sem monitoramento eletrônico ou segurança física;
  2. Investir em empresas que gerenciam o risco por sensores ou dispositivos tecnológicos como GPS e radiofrequência;
  3. Investir em vacinas antifurto (numerações a laser em determinadas peças do veículo) para dificultar a adulteração ou a comercialização do equipamento;
  4. Instalar dispositivos de segurança como bloqueadores de pneus, travas elétricas e cadeados, entre outros;
  5. Criar normas na portaria sobre a entrada e saída de qualquer indivíduo da fazenda.

‍6- Fazer manutenções programadas e preventivas para que os equipamentos não sofram problemas mecânicos ou de outro tipo em locais remotos, mais suscetíveis a roubos 

Rastreamento

O serviço oferecido pela Tracker para proteção das máquinas agrícolas inclui o monitoramento-rastreamento com instalação de GPS e também o combo GPS e equipamento de radiofrequência. Segundo os especialistas, o aparelho de GPS pode ser retirado ou burlado com um jammer (equipamento que inibe o sinal), mas isso não é possível com o radiofrequência que, geralmente, é instalado em locais inacessíveis

O tipo de monitoramento depende do contrato de prestação do serviço. Quando fica a cargo da empresa, é identificada de imediato uma violação da bateria ou dos sensores do equipamento, que é cedido por comodato.

Um combo de monitoramento mais radiofrequência de 12 meses com até 4 placas da Tracker, por exemplo, tem uma adesão de R$ 316 mais mensalidade de R$ 139. O mesmo plano para 24 meses tem adesão de R$ 277 mais mensalidade de R$ 96.

Segundo o Grupo Tracker, a empresa trabalha em parceria com a polícia para a localização dos equipamentos e, quanto mais rápido o dono da máquina comunicar o furto ou roubo, maior é a chance de recuperação. A taxa de recuperação atual é de cerca de 85%.

As máquinas agrícolas não precisam de placa ou licenciamento. Em outubro de 2022, o Decreto Federal nº 11.014/2022 instituiu o Renagro (Registro Nacional de Tratores e Máquinas Agrícolas), mas o documento só é obrigatório para máquinas fabricadas após 2016 que vão transitar em via pública.

Fonte: Globo Rural