Rumo recebe oferta de R$ 2 bi por terminal
17-11-2016

A operadora logística Rumo recebeu uma proposta da ordem de R$ 2 bilhões por uma participação majoritária no seu complexo portuário em Santos dedicado à movimentação de granéis sólidos, açúcar e grãos, localizado na região de Outeirinhos, apurou o Valor.

No total, a empresa recebeu ao menos quatro propostas de grandes embarcadoras de cargas. Nenhuma, contudo, é firme (vinculante). Entre os proponentes estão a Raízen, produtora de açúcar, a trading Czarnikow, a chinesa Cofco e o banco de investimento Macquarie. Por enquanto, a Rumo avalia as propostas vis-a-vis o valor que considera justo para o ativo, considerado estratégico, apurou o Valor.

Segundo uma fonte a par do assunto, não houve uma decisão deliberada da empresa de vender ou de se desfazer de seus ativos portuários, mas essa mesma fonte pondera que, em tese, faria sentido alienar alguma participação, pois os terminais não são o principal negócio da companhia, que tem pela frente um ambicioso plano de investimentos em sua malha ferroviária. Procurada, a Rumo disse que não comenta o assunto.

O terminal da operadora em Santos é resultado da unificação de três contratos de arrendamentos pertencentes integralmente à Rumo, dois deles são do ex-Teaçu, e que se valorizou neste ano, após a companhia conseguir, em fevereiro, unificar e renovar antecipadamente os contratos por mais 20 anos, com exploração até março de 2036.

Em troca da prorrogação, a Rumo se comprometeu a investir R$ 308 milhões até o fim de 2018 nas instalações, para aumentar a produtividade. Os desembolsos com novos equipamentos e estruturas de armazenagem aumentarão a capacidade de movimentação de 10 milhões de toneladas anuais para 14,67 milhões de toneladas.

Especializada no transporte ferroviário, armazenagem e movimentação de granéis sólidos, a Rumo tem nos trilhos sua principal atividade. A venda de uma fatia no negócio portuário ajudaria a empresa a se capitalizar para fazer investimentos avaliados em R$ 8 bilhões nas suas concessões ferroviárias. A primeira da fila é a concessão da Malha Paulista, que integra o "corredor Norte" da empresa, ligação entre Rondonópolis (MT) e o porto de Santos, onde, além de terminais, a Rumo é arrendatária da malha interna ferroviária do porto, com a Portofer.

A Rumo tem ainda participação em outros terminais no porto de Santos: no TGG, no Termag (ambos localizados na margem esquerda do porto, em Guarujá) e no Terminal XXXIX ­ todos herdados da fusão com a ALL, feita em 2015.

Com uma eventual venda ou alienação parcial, a Rumo teria uma melhor estrutura de capital para avançar no projeto que visa a dar uma "virada operacional" na companhia resultante da fusão.

A reestruturação financeira está apoiada em três medidas, duas delas já concluídas. O aumento de capital no valor de R$ 2,6 bilhões e o reperfilamento da dívida, que no fim de 2015 estava na casa dos R$ 8,58 bilhões, com alongamento de prazo com seis bancos para pagar R$ 2,925 bilhões, que venceriam entre este ano e 2018.

Recentemente, a Rumo obteve do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o enquadramento de solicitação de empréstimo de R$ 3,5 bilhões, a última etapa do plano. A Rumo é controlada pela Cosan Logística, TPG e BNDESPar.