Safra 2024/25 no Norte-Nordeste consolida crescimento na produção de açúcar e etanol hidratado
23-04-2025

Foto Andréia Vital
Foto Andréia Vital

Mesmo com chuvas irregulares, aumento na concentração de sacarose garante elevação na fabricação e estoques de derivados da cana

A safra de cana-de-açúcar 2024/25 nas regiões Norte e Nordeste segue demonstrando resiliência e eficiência produtiva, mesmo diante de desafios climáticos. Dados recentes da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) revelam que, até o fim da segunda quinzena de março (31/03), o processamento nas usinas locais atingiu a marca de 56,8 milhões de toneladas de cana, consolidando a extração de 3,72 milhões de toneladas de açúcar e 1,39 bilhão de litros de etanol hidratado.

A performance supera, com folga, os resultados da safra anterior. Em relação ao mesmo período do ciclo 2023/24, houve um incremento de 8,3% na produção de açúcar (3,43 milhões de toneladas anteriormente) e um expressivo salto de 24,8% na fabricação de etanol hidratado, que era de 1,11 bilhão de litros.

Renato Cunha, presidente-executivo da NovaBio e também à frente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindaçúcar/PE), atribui esse avanço a uma maior concentração de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana. “A ausência de chuvas regulares nesta safra impactou negativamente as lavouras, com uma retração de 3,3% até março. Por outro lado, a seca favoreceu o acúmulo de sacarose na planta, o que aumentou a produtividade dos derivados”, analisa o executivo.

Apesar da adversidade climática, as expectativas para o volume final da moagem em 2024/25 são positivas. A previsão do Sindaçúcar-PE aponta para um total de 58,5 milhões de toneladas processadas até o encerramento da safra – uma leve queda de 2% em relação ao ciclo anterior, causada pela má distribuição de chuvas em parte do período.

Açúcar e etanol seguem se destacando como pilares da economia agroindustrial regional. O açúcar, em especial, mantém seu status de produto estratégico de exportação do Nordeste, com forte demanda em mercados internacionais da Ásia, África, Europa e América do Norte.

Por sua vez, a produção total de etanol (considerando as versões anidro e hidratado) também apresentou resultados positivos até 31 de março, com crescimento de 3,1% em comparação ao mesmo período da safra anterior. No entanto, a produção de etanol anidro – utilizado como aditivo na gasolina comum – apresentou retração de 19,7%, fechando o mês com 855,9 milhões de litros.

O desempenho dos estoques reforça a consistência da safra. O volume armazenado de etanol, somando anidro e hidratado, chegou a 320,4 milhões de litros – uma elevação de 27,4% frente aos 251,4 milhões registrados em 31 de março de 2024. Desse total, 133,1 milhões de litros correspondem ao etanol hidratado (alta de 38,7%) e 187,2 milhões ao anidro (crescimento de 20,4%).

Panorama estadual da produção até março

O total processado até 31 de março de 2025 foi de 56,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A distribuição da moagem por estado evidencia a importância da cana-de-açúcar para a economia regional. Confira os volumes registrados em cada estado:

Alagoas: 17,58 milhões de toneladas

Pernambuco: 13,46 milhões de toneladas

Paraíba: 7,22 milhões de toneladas

Bahia: 5,18 milhões de toneladas

Rio Grande do Norte: 3,91 milhões de toneladas

Tocantins: 2,39 milhões de toneladas

Maranhão: 2,14 milhões de toneladas

Sergipe: 2,04 milhões de toneladas

Pará: 1,34 milhão de toneladas

Piauí: 1,12 milhão de toneladas

Amazonas: 0,36 milhão de toneladas

A estabilidade na produção dos derivados e os avanços registrados até o momento confirmam o papel estratégico da cana-de-açúcar no cenário energético e agroindustrial do Norte e Nordeste do país. A expectativa agora gira em torno da reta final da safra, que deverá consolidar os resultados positivos, mesmo com os obstáculos climáticos.