Safra 2025/26 deve ter mais açúcar, salto do etanol de milho e fertilizantes ainda caros impulsionados por fatores globais
08-12-2025

Oferta maior de cana e mudança no mix devem alterar preços enquanto insumos seguem pressionados por logística e geopolítica

Por Andréia Vital

O relatório Visão Agro 2025/26 do Itaú BBA projeta um avanço expressivo na oferta global de açúcar, uma inflexão importante no mercado de etanol e um cenário de fertilizantes que, embora em desaceleração, permanece em níveis historicamente elevados.

No açúcar, a safra do Centro-Sul evoluiu significativamente ao longo de 2025/26, atingindo recorde mensal de produção em setembro. O banco estima produtividade de 74 t/ha nesta safra e 80 t/ha na próxima, com ATR de 10,4 t/ha subindo para 11,2 t/ha em 2026/27.

A margem agrícola, que hoje é de R$ 4.697/ha, deve recuar para R$ 3.703/ha, acompanhando a queda do ATR médio de R$ 1,12/kg para R$ 0,99/kg. No mercado internacional, os preços seguem abaixo dos níveis que sustentam o mix atual; em Ribeirão Preto, o açúcar cristal oscilou entre R$ 115 e R$ 145/sc ao longo do ano, enquanto Nova York trabalhou entre 13 e 17 US¢/lb.

No etanol, o aumento da mistura de anidro na gasolina, de 27% para 30% desde agosto, ampliou o consumo em regiões onde o biocombustível é menos competitivo, elevando as transferências entre estados. O banco avalia que a entressafra deve manter preços firmes. Para 2026/27, a oferta será ampliada tanto por maior disponibilidade de cana quanto pelo avanço do etanol de milho.

A produção de milho-etanol, que era de 1,6 bilhão de litros em 2018/19, atingiu 10,1 bilhões de litros em 2025/26 e deve chegar a 12,2 bilhões no próximo ciclo, um crescimento de 120% em quatro anos. Os preços do hidratado em Paulínia vêm oscilando entre R$ 2,40 e R$ 3,00/litro, e devem voltar a recuar quando o aumento de oferta se materializar na safra 2026/27.

No mercado de fertilizantes, a correção recente não eliminou o impacto das fortes altas registradas no início de 2025. Fosfatados subiram com a saída temporária da China do mercado exportador; nitrogenados seguiram pressionados por tensões no Oriente Médio, responsável por 40% das exportações globais; potássicos avançaram após reduções temporárias de oferta da Rússia e Belarus.

Embora os preços tenham recuado das máximas, permanecem elevados nos portos brasileiros, com variações significativas entre produtos. As importações surpreenderam positivamente, mas o Itaú BBA alerta para o atraso na compra para a próxima safra, risco que pode comprometer a chegada dos insumos no momento ideal e pressionar margens num ambiente de menor capacidade de investimento do produtor.

Segundo o Itaú BBA, os segmentos de açúcar, etanol e fertilizantes entram em 2026 com movimentos distintos, marcados por boa produtividade agrícola, expansão da produção de etanol e insumos ainda caros, fatores que exigem atenção às margens e ao planejamento das usinas na transição para a próxima safra.