Safra 2026/27 deve produzir 36,1 bilhões de litros de etanol no Centro-Sul
01-12-2025

StoneX projeta avanço de 9,3% puxado por maior oferta de cana e novas usinas de milho

Por Andréia Vital

A StoneX iniciou sua primeira revisão para a safra 2026/27 no Centro-Sul, estimando produção de 36,1 bilhões de litros de etanol, o que representa uma alta de 9,3% frente ao ciclo atual. O avanço reflete a recuperação da oferta de cana, após o impacto das queimadas de 2024, e a continuidade da expansão do etanol de milho. Segundo o analista de Inteligência de Mercado da consultoria, Rafael Borges, quatro novas plantas devem entrar em operação até março de 2027, adicionando mais de 2,8 bilhões de litros de capacidade instalada.

Com o mercado global de açúcar pressionado por oferta mais confortável e preços em queda ao longo de 2025, a consultoria avalia que a competitividade do biocombustível aumentará no início da nova safra, incentivando usinas a direcionar maior volume de cana ao etanol em comparação com 2025/26.

Para 2026/27, a StoneX projeta área colhida superior a 8 milhões de hectares (+1,1%), produtividade de 77,5 t/ha (+2,4%) e moagem de 620,5 milhões de toneladas, praticamente repetindo o volume de 2024/25. A melhora climática prevista para o período abril de 2025 a março de 2026 deve contribuir para regularidade de chuvas e recuperação das áreas afetadas por incêndios.

O mix açucareiro estimado recuou de 51,3% para 50,6% em função do aumento na atratividade do etanol. Mesmo assim, a produção de açúcar deve alcançar 41,5 milhões de toneladas, alta de 3,3% e o segundo maior volume da série histórica.

Na 6ª revisão do ciclo atual, a consultoria destaca que o desempenho final dependerá do regime de chuvas até março. A moagem foi mantida em 598,8 milhões de toneladas, com ATR projetado em 137,3 kg/t e mix açucareiro de 51,3%, mantendo a oferta estável frente a 2024/25.

No Norte-Nordeste, onde a safra começou em setembro, a moagem segue estimada em 57,3 milhões de toneladas. O etanol de milho avança na fronteira do Matopiba e deve alcançar 962 mil m³ em 2025/26, impulsionado pela nova usina da Inpasa em Balsas (MA) e outros cinco projetos previstos.

A StoneX também revisou o balanço global de açúcar para 2025/26, projetando superávit de 3,7 milhões de toneladas — o maior desde 2017/18 — e estoques de 77,3 milhões de toneladas (+5%). A relação estoque/uso deve atingir 39,9%, reforçando o movimento de queda dos preços observado desde setembro, quando os contratos em Nova York recuaram abaixo de US¢ 16/lb.

Segundo o analista Marcelo Di Bonifácio, o enfraquecimento da demanda global e o ritmo lento das importações explicam boa parte da pressão baixista. Países como Indonésia e China devem reduzir compras no início de 2026.

A Índia iniciou a safra com forte avanço: 325 usinas já moeram 12,8 milhões de toneladas de cana (+41%), produzindo 1,05 milhão de toneladas de açúcar (+47%). A ISMA ajustou sua projeção para 34,9 milhões de toneladas antes do desvio para o etanol. A StoneX estima produção final de 32,3 milhões de toneladas após destinação de 3,5 milhões ao biocombustível.

A Tailândia deve iniciar a colheita em dezembro após chuvas 7% acima da média. Somadas, as produções asiáticas devem superar 80 milhões de toneladas, próximas ao recorde de 2021/22.

Na Europa, mesmo com melhora na produtividade, a produção deve recuar por causa da redução de área e da pressão das importações — intensificada pelo acordo com a Ucrânia. No México, a produção estimada é de 5,1 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, o consumo cai diante da mudança nos hábitos alimentares e do avanço de medicamentos análogos ao GLP-1, como o Ozempic.

A StoneX estima que o consumo global crescerá apenas 0,5% em 2025/26, alcançando 193,8 milhões de toneladas. Os cortes refletem revisões na demanda da China e da Índia. O ajuste amplia o saldo global e reforça o cenário de preços pressionados no ano que vem.