Safra encerrada no Centro-Sul atinge 617,65 milhões de toneladas
13-04-2016

Dados finais da safra 2015/2016 da região Centro-Sul do Brasil indicam uma moagem de 617,65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar entre 1 de abril de 2015 e 31 de março de 2016. Este resultado é recorde para a região e representa um crescimento de quase 8% sobre as 573,14 milhões de toneladas processadas no ciclo 2014/2015 entre 01/04/2014 e 31/03/2015.
A produção final de etanol totalizou 28,22 bilhões de litros do renovável, quase 2 bilhões de litros acima da marca histórica anterior (26,23 bilhões de litros computados na safra 2014/2015).
Deste volume total de etanol produzido, 10,64 bilhões de litros foram de etanol anidro e 17,58 bilhões de litros de etanol hidratado – este último, com expressiva alta de 13,47% em relação aos 15,49 bilhões de litros registrados no ano safra anterior.
A produção de açúcar, em contrapartida, somou 31,22 milhões de toneladas na safra 2015/2016, com queda de 2,48% sobre as 32,01 milhões de toneladas contabilizadas em 2014/2015.
Segundo o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “a condição climática favorável ao desenvolvimento da planta ampliou a disponibilidade de matéria-prima, permitindo um crescimento expressivo da moagem na safra 2015/2016 e, ainda, uma sobra de cana-de-açúcar no campo.” Todo este aumento da quantidade processada foi direcionado à produção de etanol, contribuindo decisivamente para o abastecimento doméstico, acrescenta o executivo.
Produção e moagem na 2ª quinzena de março de 2016
O processamento de 14,03 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de março de 2016 foi fundamental para a moagem recorde de 617,65 milhões de toneladas na safra 2015/2016. Considerando o acumulado do mês, a quantidade moída alcançou a marca inédita de 19,33 milhões de toneladas.
A produção de açúcar somou 461,17 mil toneladas na última metade de março de 2016. Neste mesmo período, o volume produzido de etanol totalizou 581,50 milhões de litros, sendo 469,43 milhões de litros de etanol hidratado e 112,07 milhões de litros de etanol anidro.
Rodrigues comenta que, “a quantidade elevada de cana não colhida em 2015, a necessidade de geração de caixa devido a difícil situação financeira de boa parte das empresas e o clima mais seco favoreceram o processamento da cana no mês de março.” Como resultado, entre 15 de dezembro de 2015 e 31 de março de 2016, período considerado de entressafra, a moagem alcançou a surpreendente quantidade de 39,65 milhões de toneladas.
Em relação ao número de unidades em safra, 137 registraram moagem na região Centro-Sul até 31 de março de 2016, contra 58 computadas na mesma data de 2015. Até o final da primeira quinzena de abril, este valor deve ultrapassar 200 empresas em operação.
Qualidade da matéria-prima
Se a moagem e a produtividade surpreenderam pela melhor condição climática, a qualidade da matéria-prima piorou muito na safra 2015/2016. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) totalizou, nesse ciclo, 130,51 kg por tonelada de cana-de-açúcar frente aos 136,45 kg por tonelada verificados na safra 2014/2015.
De acordo com dados levantados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade agrícola da lavoura colhida atingiu 83 toneladas por hectare nesta safra, o melhor desempenho desde 2010 e superior às 74 toneladas por hectare observadas em 2014/2015.
Vendas de etanol
O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul em março de 2016 somou 2,24 bilhões de litros, 13,42% abaixo dos 2,57 bilhões de litros verificados no mesmo mês do último ano.
Este recuo decorre principalmente da queda superior a 20% nas vendas domésticas de etanol hidratado no mês: 1,12 bilhão de litros em março de 2016, contra 1,45 bilhão de litros em igual data de 2015. Em sentido contrário, as vendas internas de etanol anidro aumentaram 16,21%; 1 bilhão de litros, ante 863,18 milhões de litros em março do ano passado.
Apesar da retração nas vendas de março, no acumulado de 1 de abril de 2015 até 31 de março de 2016, o volume comercializado pelas usinas e destilarias do Centro-Sul somou 29,27 bilhões de litros, com crescimento expressivo de 16,26% sobre o mesmo período da última safra (25,18 bilhões de litros).
Deste volume, 27,34 bilhões de litros destinaram-se ao mercado interno, sendo 17,34 bilhões de litros referentes ao etanol hidratado - alta de 23,34% em relação aos 14,06 bilhões de litros registrados no ciclo anterior. Os 10 bilhões de litros restantes correspondem às vendas domésticas de etanol anidro - praticamente o mesmo valor contabilizado na safra anterior (9,62 bilhões de litros).
Para Rodrigues, a expectativa é de que as vendas de etanol hidratado combustível se recuperem a partir das próximas semanas. “Isso só não aconteceu até agora porque não houve repasse da queda dos preços no produtor para a bomba. Enquanto o preço nas usinas paulistas caiu mais de R$ 0,50 por litro nas últimas quatro semanas, o valor pago pelos consumidores nos postos não sofreu nenhuma alteração”, explica o executivo.
Com efeito, dados apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), mostram que o valor médio recebido pelas unidades do Estado de São Paulo diminuiu de R$ 1,95 por litro de etanol hidratado na segunda metade de março para R$ 1,43 por litro na última semana. Nesse mesmo período, informações publicadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que o preço médio pago pelos consumidores no Estado permaneceu estável em R$ 2,70 o litro.
Estimativa para a safra 2016/2017
A UNICA, em conjunto com o CTC e demais Sindicatos e Associações da região Centro-Sul, está concluindo as análises dos dados coletados junto às unidades produtoras e imagens de satélite. A entidade deverá divulgar a sua estimativa para a safra 2016/2017 até o final do mês de abril.