Santander defende maior transparência e expansão de biocombustíveis no RenovaBio
22-09-2025

Executiva do banco destaca papel do setor financeiro na transição energética e cobra regulamentação mais clara para dar previsibilidade ao mercado

Por Andréia Vital

Durante o painel “RenovaBio em ponto de inflexão: como maximizar valor e mitigar riscos”, realizado na Conferência NovaCana 2025, Caroline Perestrelo, líder sênior da rede agro corporate do Santander, defendeu a necessidade de aprimoramentos no programa RenovaBio e ressaltou a importância de ampliar a transparência nas negociações de CBios.

Segundo a executiva, o RenovaBio é um mecanismo central para a descarbonização do setor de transportes no Brasil, mas ainda enfrenta desafios para consolidar previsibilidade e confiança entre os agentes de mercado. “O programa é novo e sem dúvida cabe melhorias. Nosso papel como instituição financeira é apoiar a construção de soluções que fortaleçam o programa e deem segurança para o futuro”, afirmou.

Caroline destacou que o Santander, desde 2017, atua como escriturador no programa e enxerga a sustentabilidade como eixo estratégico de atuação global. “O meio ambiente é uma frente séria nossa, assim como o agronegócio. Trabalhamos para apoiar tanto emissores quanto distribuidoras nesse processo, pensando em como cumprir os compromissos de 2030, 2035 e 2050”, disse.

Ela lembrou ainda que o banco detém 50% de participação no mercado de escrituração de CBios, o que reforça sua responsabilidade em sugerir avanços regulatórios. “Defendemos mais transparência: que as operações saiam do mercado de balcão e sejam registradas em tela na B3, como acontece com outras commodities. Isso daria mais efetividade e credibilidade às transações”, acrescentou.

Incentivo à diversificação dos biocombustíveis

A executiva também apontou que a expansão da mistura de biocombustíveis, como o E30 (etanol na gasolina) e o B15 (biodiesel no diesel), tem estimulado investimentos em toda a cadeia. “Há uma vontade crescente de ampliar a produção e atender à demanda futura. Sentamos com produtores de biodiesel e vemos disposição em investir”, afirmou.

Ela destacou ainda novas frentes em desenvolvimento, como o biogás e o biometano, que já contam com regulamentações municipais para aplicação em transporte coletivo, como em São Paulo. Além disso, apontou potencial de crescimento no uso de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e para transporte marítimo. “O marítimo é um setor estratégico e com grande capacidade de contribuir para a descarbonização global”, avaliou.

Caroline ressaltou que, apesar dos avanços, ainda existem lacunas a serem preenchidas para que o RenovaBio cumpra seu papel como ferramenta alinhada ao Acordo de Paris. “O objetivo é garantir previsibilidade e estimular a produção de biocombustíveis em escala, mas para isso é essencial avançar na regulação e na transparência do programa”, afirmou.

A líder sênior do Santander concluiu defendendo um esforço conjunto entre setor privado, governo e instituições financeiras para aprimorar o programa. “Temos opções no campo dos biocombustíveis, mas é preciso alinhar incentivos e regulamentos. Só assim conseguiremos entregar uma transição energética sólida e de menor custo para o país”, disse.