São Paulo aposta em créditos ambientais para impulsionar restauração ecológica
01-10-2025

Programa pioneiro conecta conservação florestal, mercado de carbono e geração de empregos verdes no estado

O Governo de São Paulo deu um passo inédito na integração entre preservação ambiental e economia verde com o lançamento do Programa Estadual de Restauração e Conservação Ecológica. A iniciativa, apresentada em evento com investidores na Casa Fasano, é conduzida pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e permitirá a recuperação de áreas degradadas e a manutenção de ecossistemas estratégicos, remunerando prestadores de serviços com a cessão de créditos de carbono, biodiversidade e outros ativos ambientais.

O modelo adotado é o de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), considerado mais ágil e menos burocrático. Segundo a secretária Natália Resende, trata-se de um marco para o país. “Vamos transferir a titularidade dos créditos gerados diretamente ao provedor, criando um incentivo econômico concreto para manter áreas conservadas. É uma ação pioneira, alinhada às metas do Estado e ao Plano de Ação Climática 2050”.

A remuneração será vinculada à comprovação de benefícios ambientais, como sequestro de carbono, proteção de mananciais e recuperação de solos. Os créditos poderão ser certificados e comercializados, ampliando a atratividade econômica dos projetos.

De acordo com o diretor-executivo da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz, a proposta abre espaço para um ecossistema de negócios envolvendo viveiros, coletores de sementes, certificadoras e técnicos especializados. “É um modelo que estimula inovação, gera empregos qualificados e movimenta a bioeconomia, especialmente no interior”, ressaltou.

O Estado já disponibilizou 40 mil hectares de áreas restauráveis como ponto de partida, o que deve acelerar a adesão de empresas, fundos e organizações interessados em participar dos editais de seleção competitiva.

No mesmo evento, o governo paulista anunciou o Plano de Empregos, Carreira e Salários (PECs) da Fundação Florestal, corrigindo distorções históricas na remuneração dos 269 colaboradores. O novo plano prevê reajustes que variam de 53% a 99% em cargos-chave como gestores de unidades de conservação, guardas-parques e técnicos ambientais.

“Queremos reconhecer o trabalho desses servidores, que atuam em condições desafiadoras e são essenciais para a gestão de cerca de 20% do território paulista”, destacou Natália Resende. A Fundação também deve abrir novo concurso público em breve.

São Paulo como referência em PSAs

O Estado soma atualmente 61 iniciativas de PSA, beneficiando mais de 4,2 mil pessoas e 1,4 mil famílias, em 31 mil hectares preservados. Entre os destaques estão: Guardiões das Florestas, que apoia 38 aldeias indígenas e protege 28.165 hectares; Mar Sem Lixo, que mobilizou pescadores e retirou 82,8 toneladas de resíduos de mares e manguezais; PSA Juçara, responsável pelo plantio de 260 mil palmeiras em 261 hectares; Refloresta-SP, com cinco projetos que somam R$ 18 milhões e beneficiam diretamente 249 famílias agricultoras.

Prêmio SP Carbono Zero reconhece inovação

O lançamento também foi palco da entrega do Prêmio SP Carbono Zero, que recebeu 154 inscrições. Entre os premiados estão Transição Energética: CPFL Energia, EDP e Ultragaz; Restauração Ecológica: consórcio Ipê/AstraZeneca/Ambipar/Biofílica, Instituto Conservação Costeira e Ecourbis; Circularidade: Toyota, Green Franquias Sociais/YouGreen e Dow; Mobilidade Sustentável: Instituto Meu Oceano, 99 e Farah Service.

Os vencedores setoriais participam de votação popular até 31 de outubro, com resultado a ser anunciado no Summit Agenda SP Verde, evento pré-COP organizado pelo Governo do Estado, Prefeitura de São Paulo e USP, que reunirá lideranças nacionais e internacionais para debater transição energética, justiça climática e economia circular.