Seca, incêndios e La Niña ameaçam a safra canavieira 2021/22 da região Centro-Sul
06-10-2020

 Estiagem sacrifica os canaviais e atrasam o desenvolvimento da cana
Estiagem sacrifica os canaviais e atrasam o desenvolvimento da cana

Previsão de verão menos chuvoso pode atrapalhar a recuperação dos canaviais que sofrem com a seca e com os incêndios

O tempo seco dos últimos meses favoreceu a operacionalização da colheita da cana-de-açúcar e permitiu o crescimento da moagem nas usinas. O aumento na produtividade industrial e a quantidade de sacarose, contribuiu para o incremento na produção de açúcar no início de setembro. Contudo, o registro de chuvas abaixo da média na região Centro-Sul nos últimos meses, ameaça reduzir a safra no próximo ano.

Esse cenário, agravado pelos incêndios nos canaviais, não é novidade para o setor sucroenergético. Seca e incêndios trazem perdas na safra atual e à safra seguinte. Esta primavera entregará para o verão canaviais com morte de soqueiras, cana com baixo desenvolvimento, criando a expectativa de que não haverá cana no ponto para iniciar a moagem na época pretendida para o início de safra.

A estiagem causa muitas falhas na brotação das socas

Nesses casos, a expectativa é que as chuvas abundantes do período de verão recuperem os canaviais. No entanto, de acordo com as previsões, o fenômeno climático La Niña pode prolongar ainda mais a seca. Com a ausência ou menor quantidade de chuva, aumenta a ameaça de que haverá não só atraso no início de safra programada para se iniciar em abril de 2021, como a produção será menor.

Segundo Arnaldo Corrêa, diretor da consultoria Archer Consulting, o fantasma da seca nos canaviais está muito longe de ter sido espantado. O clima tórrido que tem atingido às regiões produtoras de cana no Centro-Sul acende o alerta para que não apenas a moagem desta safra termine antes do que se esperava, mas também que o possível dano na planta provoque um atraso no início da próxima safra. “Se isso realmente se consumar, veremos um fortalecimento do spread março/maio em razão da menor disponibilidade de produto no início da 2021/22 e, embora prematuro falar, uma redução no total da disponibilidade de cana”, diz Corrêa, referindo-se ao mercado internacional de açúcar.

 Incêndios matam a socaria

Mas os problemas climáticos não são exclusivos do Brasil, Corrêa informa que a safra de beterraba na Rússia também foi afetada pela seca, bem como a Tailândia terá uma redução na sua produção de açúcar. Esses fatores, cada um com seu peso, podem trazer robustez aos preços do açúcar no mercado externo.

 

Fonte: CanaOnline