Seminário “O dia da verdade sobre a bioeletricidade” é realizado em Brasília
03-04-2014

O seminário “O dia da verdade sobre a bioeletricidade” promovido pela Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético (Frente do Etanol) com apoio do Fórum Nacional do Setor Sucroenergético e da Comissão de Minas e Energia da Câmara, nesta terça-feira, em Brasília, reuniu parlamentares, empresários, associações do setor sucroenergético e representantes governamentais e definiu propostas para aumentar a participação da bioeletricidade na matriz energética.

Presidente da Frente do Etanol, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse que o evento realizado em parceria com o Projeto Agora foi uma contribuição do colegiado para o avanço da bioeletricidade, produzida a partir do bagaço da cana-de-açúcar, no sistema elétrico nacional.

“O seminário transcorreu em clima de franco debate em que se constatou o grave erro do descaso com a bioeletricidade como alternativa para que essa geração de energia elétrica seja melhor utilizada no país. Senti que pela primeira vez os argumentos a favor da bioletricidade estão encontrando mais eco no governo. Agora vamos tratar de cada uma das propostas que foram feitas no seminário, como por exemplo, a realização de leilões específicos por fonte de energia e regionalizados e maior flexibilidade na chamada garantia física para o setor se adequar a realidade do sistema elétrico”, afirmou.

Segundo Jardim, o evento produziu uma “plataforma” de itens que será tratada nas negociações que o setor pretende abrir com o governo, para que a implementação das propostas “possibilite a ampliação da bioletricidade na matriz energética brasileira”.

Leilões

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, defendeu durante o seminário a realização de leilões de energia por fonte e região, uma das principais reivindicações do setor. De acordo com Arnaldo Jardim, há uma “grande distância” em relação à declaração de Ventura e as ações do Executivo. “Vou pegar as anotações [que fiz sobre o posicionamento de Ventura coincidente com as aspirações do setor sucroenergético] e vou enviar ao governo”, ironizou o parlamentar.

Ventura defendeu maior incorporação da bioeletricidade na matriz energética, regras de contração de energia e disse que atualmente existe uma “quase regionalização" dos leilões. “Queremos isso formalizado – leilões regionalizados e por fonte – para que de uma forma clara a externalidade, o conjunto de vantagens que vão além do preço, possa ser efetivamente usada na contratação dw energia a partir da biomassa da cana”, cobrou Jardim.

O secretário de Desenvolvimento Energético destacou a relevância da bioeletricidade para a segurança energética e disse que a geração a partir da biomassa é a segundo fonte de energia no país, ficando atrás apenas da hidrelétrica.

Desafios

No painel “Os desafios da bioletricidade”, o secretário de Energia de São Paulo, José Anibal, criticou a postura do governo federal diante das fontes renováveis. Segundo ele, o Executivo desperdiça a oportunidade de aproveitamento da bioletricidade porque relega a energia da biomassa a segundo plano.

O deputado federal Mendes Thame (PSDB-SP) criticou a lentidão do governo na tomada de decisões do setor elétrico. Ele defendeu ainda mudança na legislação para que os créditos de carbono, hoje centralizados nas mãos do governo, fiquem com os empreendedores.

Energia suja

O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, também atacou o governo no painel do seminário dedicado a importância da bioeletricidade. Para o dirigente, o governo fez opção pela energia suja das termoelétricas em detrimento da energia limpa produzida a partir da biomassa da cana.

Como avançar

No último tema debatido no evento – como avançar com a bioletricidade – o deputado federal Alexandre Toledo (PSB-AL) falando como produtor de açúcar e etanol da Região Nordeste destacou importância do setor sucroenergético na produção de biocombustíveis e na geração de emprego e renda. Toledo condenou o descaso do Executivo com o setor e pediu mais atenção governamental para produtores de etanol, açúcar e energia.

O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, destacou a expansão da capacidade instalada da energia produzida a partir da biomassa na matriz energética. Segundo ele, de 2005 a 2013, a produção foi quadruplicada atingindo 11 mil MW.

A presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Elizabeth Farina, cobrou a implantação de política de longo prazo adequada às fontes renováveis. A dirigente destacou a importância do seminário e lamentou que a “pujança” do setor está sendo “massacrada” pelo fechamento de mais de 40 usinas.

Participação

O seminário "O dia da verdade sobre a bioeletricidade” contou também com a participação de Roberto Hollanda, presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul; de Pedro Mizutani, vice-presidente executivo do grupo Raízen; de Alexandre Figliolino, diretor do Itaú-BBA, de Leonardo Calabró, vice-Presidente Executivo do Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia); de Paulo Leal, presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil); de Miguel Ortolan, presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil ); e da secretária de Agricultura de São Paulo, Mônika Bergamaschi.