Setor da cana contribui para deixar PE em último no saldo de empregos
25-05-2015

O setor de produtos alimentícios relacionado às atividades de fabricação de açúcar em bruto foi um dos que mais perdeu postos de trabalho em Pernambuco, conforme dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril, divulgado na sexta (22) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado contribuiu para que o estado ficasse em último lugar no balanço entre demissões e contratações, com saldo negativo de 20.154 postos de trabalho.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha, os dados fazem sentido porque abril marca o início da entressafra da cana. "A previsão para esse ano é de uma entressafra mais difícil porque o governo federal não liberou, por questões de fluxo de caixa, as subvenções relacionadas à cana e ao etanol aprovadas no orçamento de 2014", disse.
O setor emprega em média 90 mil trabalhadores em Pernambuco e a previsão do Sindaçúcar é de uma redução de 20 mil vagas. Ainda segundo Cunha, o saldo das subvenções que seria repassado ao setor no Nordeste é de R$ 600 milhões. Os recursos deveriam ter chegado para 220 municípios canavieiros da região. "Se a liberação tivesse sido feita do fim do ano passado ou até o início de 2015, haveria queda menor no número de empregos. As subvenções são essenciais para o investimento na lavoura canavieira", afirmou.
Conforme o Caged, a indústria de produtos alimentícios relacionada a bebidas e álcool etílico registrou 10.753 demissões mês passado em Pernambuco. Para Cunha, a liberação dos recursos depende de decisão política e o efetivo encaminhamento para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Ministério da Agricultura. "As subvenções da ordem de R$ 700 milhões para a soja e o milho do Centro-Oeste, também relacionadas ao orçamento de 2014, foram dadas. Não entendemos o tratamento desigual. A atual prioridade do governo é efetuar o contingenciamento (corte de gastos). Nosso assunto está em segundo plano. Espero que nossa liberação seja analisada brevemente no orçamento de 2015", comentou o presidente do Sindaçúcar.
Em todo o país, o Caged registrou em abril um declínio de 0,24% no estoque de empregos formais no país, o que representa uma redução de 97.828 postos de trabalho, resultado de 1.527.681 admissões contra 1.625.509 desligamentos. Mesmo com esse número, o país gerou 5,1 milhões postos de emprego formal desde 2011 e nos últimos 12 anos foram acrescidos 20,5 milhões de postos de trabalho.
Ao anunciar os dados, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, informou que o Portal Mais Emprego do MTE disponibilizou, desde o início do ano, 700 mil vagas de emprego e que pelo menos 200 mil dessas oportunidades foram preenchidas por trabalhadores que buscaram vagas pelo sistema.
Em nota encaminhada à imprensa, Dias ressaltou que com o ajuste fiscal e com os cortes que estão sendo anunciados, o governo está criando condições para que haja estabilidade econômica e o país volte a níveis de emprego como o de antes da crise política. Manoel Dias destacou ainda os investimentos estrangeiros no Brasil, que alcançaram R$ 17,5 bilhões nesse início de ano.