Setor de açúcar enfrenta graves problemas
13-08-2015

Desvalorização no mercado internacional e falta de demanda interna prejudicam atividade.

O açúcar é a commodity agrícola que mais se desvalorizou no mercado internacional neste ano, com os preços chegando ao menor nível desde 2008. No mercado interno, a menor demanda também reduz as cotações do produto, complicando a situação dos produtores, que enfrentam um aumento nos custos.

Para o produtor Gilmar Soave, esta é a pior safra dos últimos cinco anos quando se fala em preço. A cada tonelada de cana vendida, o prejuízo é de R$ 30.

Estou vendendo a R$ 60 e estou gastando R$ 90 por tonelada. Não tem como viver, você tem que buscar outra alternativa, deixar a cana parada e sobreviver de outra fonte. Não tem como sobreviver da cana, diz.

As perdas do produtor refletem as dificuldades enfrentadas pelo setor nos últimos anos. Apesar de a produtividade estar dentro do esperado, o produtor se depara com o aumento nos custos de produção, que em algumas propriedades chega a 20% em relação ao mesmo período do ano passado.

Outro problema enfrentado pelo setor é a redução dos preços do açúcar, pressionada pelos altos níveis dos estoques mundiais. No mercado internacional, a cotação do açúcar acumula queda de 27%, colocando a commodity no topo das mais desvalorizadas de 2015.

Em 2011 nós chegamos a ter próximo de 30 cents por libra peso por saca de açúcar no mercado internacional, hoje está próximo de 10 cents, afirma o presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana de São Paulo, Coplana, Arnaldo Antônio Bortoleto.

Além destas questões, o Brasil teve que lidar com subsídios dados por outros países aos seus produtores. Índia e Tailândia, que são concorrentes do Brasil na área, subsidiam a atividade.

Mais uma evidência da crise do setor no Brasil é a desativação de usinas pelo país. Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que nos últimos cinco anos, 70 unidades pararam de funcionar na região Centro-Sul do país.

As usinas foram se endividando em dólar, e isso continuou depois da crise de 2008 quando, de repente, esse fluxo de oferta de recursos deixou de existir de uma hora pra outra. As usinas que continuam algumas ainda estão bastante endividadas em dólar sem tomar uma medida de precaução através de hedge. Muitas acabaram não fazendo achando que a situação era positiva, isso acabou redundando em problemas extremamente sérios no momento presente, afirma a analista de açúcar Heloísa Burnquist.