Setor de biocombustíveis precisa de regras
07-10-2016

A confirmação da adesão da União Europeia deu mais força para que o Acordo Climático de Paris, que pretende manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, entre em vigor, substituindo o Protocolo de Quioto. O Brasil confirmou sua adesão em setembro, quando o presidente Michel Temer sancionou lei com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, na comparação com os níveis registrados em 2005; e em 43% até 2030. Para isso, o acordo assinado por 197 países na Conferência do Clima ocorrida no ano passado na capital francesa estipulou que o Brasil deve restaurar uma área de 12 milhões de hectares de florestas, além de elevar para 18% o uso de biocombustíveis sustentáveis e atingir 45% de energias renováveis na matriz energética.
As metas brasileiras são bem vistas por produtores de etanol, mas o vice-presidente do Fórum Nacional Sucroenergético e presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, cobra esforços do governo por maior regulação. “É preciso haver uma implementação prática, com metas e cronogramas. E o que a gente vê é que a Petrobras, que se colocava como empresa de energia, agora passa para a postura voltada a tratar sobretudo de petróleo”, reclama.
E continua: “É preciso que essas regras sejam mais claras e que envolvam a competitividade dos combustíveis limpos. O acordo passa por uma descarbonização do meio ambiente, e não uma carbonização, e essa postura da Petrobras prioriza a produção de combustíveis fosseis”, acrescenta Cunha. Ainda segundo o presidente do Sindaçúcar-PE, no Nordeste, o setor emprega uma média de cinco pessoas por mil toneladas de cana-de-açúcar, o que dá um caráter social à atividade que, em muitos casos, é responsável pela economia da cidade-sede da usina e de municípios vizinhos.