Setor não pode ter memória curta e se enganar com uma ou duas safras de clima estável
15-12-2022

 “Cana gigante” do Centro de Cana do IAC prova que o gotejamento é a tecnologia que mais permite uma aproximação do real potencial produtivo da cana-de-açúcar. Foto: Leonardo Ruiz
“Cana gigante” do Centro de Cana do IAC prova que o gotejamento é a tecnologia que mais permite uma aproximação do real potencial produtivo da cana-de-açúcar. Foto: Leonardo Ruiz

“Não podemos passar novos dez anos discutindo se compensa ou não investir em irrigação”, observou o consultor associado da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo

Há dez anos, o setor sucroenergético nacional enfrentava uma safra de condições climáticas bastante semelhantes às observadas no ano passado. Assim como 2021/22, o ciclo 2011/12 foi marcado por uma severa estiagem, que levou a quebras acentuadas de produtividade agrícola. Essa situação caótica levou usinas e produtores independentes a buscar formas de mitigar os impactos negativos causados pelo clima adverso. A irrigação – outrora vista como essencial apenas para a produção de cana no Nordeste brasileiro – despontou como a favorita.

Porém, o momento não era muito propício a grandes investimentos. O segmento se encontrava em meio a uma expansão desordenada, acompanhada de uma valoração dos produtos e guinada nos custos de produção. Enquanto isso, o mundo enfrentava uma forte crise de crédito, com juros exponenciais. “Era uma tempestade perfeita, que acabou por engavetar qualquer plano de investimento mais arrojado”, observou o consultor associado da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo.

Com o passar dos anos, o assunto irrigação ficou parcialmente esquecido. Apenas algumas unidades do Centro-Sul investiram – mesmo que timidamente - na tecnologia ao longo da década passada. Por um acaso do destino, essas empresas foram as únicas que conseguiram passar quase ilesas pela estiagem de 2021, ano que trouxe o tema “irrigação” à tona novamente. “Não podemos passar novos dez anos discutindo se compensa ou não investir em irrigação. Sabemos que vale a pena, e como estamos vivendo um momento mais favorável, nos resta agora transformar isso em realidade.”

O Representante Técnico de Vendas (RTV) da Netafim, Pericles Pelisser, conta que, a partir da crise hídrica de 2011, a companhia começou a instalar vários projetos de irrigação pelo Centro-Sul do país a fim de mostrar o real potencial da tecnologia. Com base nos resultados desses campos, ele afirma que muitas usinas e agrícolas passaram a enxergar o quanto a tecnologia faz sentido.

Segundo ele, mesmo nos períodos de melhor pluviosidade, as áreas irrigadas entregaram maiores produtividades na comparação com o sequeiro. “Em 2020, um ano de boas condições climáticas, a produção na área de gotejo foi 58% superior ao sequeiro. Já no ano seguinte, o pior da série histórica, a diferença foi de 72%.”

Na visão de Pelisser, é hora de criar uma cultura irrigante dentro das empresas sucroenergéticas. “Acredito que ninguém mais tem dúvidas sobre a eficácia da tecnologia de irrigação. Todos sabem que ela funciona. O necessário agora é começar a investir no sistema, instalando áreas de testes a fim de adaptar o sistema a cada realidade.”

O RTV frisa, contudo, que o investimento em irrigação requer certos cuidados, especialmente no tocante a operação. Pensando nisso, a companhia lançou na Agrishow deste ano o “Netafim Services”, que permite ao agricultor escolher uma solução de irrigação e fertirrigação sob medida com exatamente o nível de suporte que necessita. “Através desse modelo de negócios, será possível ter todo o conhecimento da Netafim dentro da sua propriedade, trazendo altas produtividades, rápido retorno do seu investimento e maior sucesso a longo prazo. Nosso objetivo principal é extrair 100% da performance dos projetos”, detalha Pelisser.

O “Netafim Services” pode ser dividido em três planos, sendo cada um pensado para necessidades distintas, do treinamento completo das equipes de campo até a operação total do sistema durante as 24 horas por dia por funcionários da própria Netafim. Lembrando que os planos possuem vigências variadas, podendo compreender períodos de 12 meses a 10 anos. As taxas são mensais ou anuais.

VEJA MATÉRIA COMPLETA: http://www.canaonline.com.br/conteudo/jornada-pela-recuperacao-da-produtividade-agricola-passa-pela-irrigacao.html