Setor quer PPP para cana em PE
21-03-2018
Produtores apresentarão a governadores do Nordeste documento com propostas de recuperação de canaviais em toda a região
SÁVIO GABRIEL
Representantes do setor sucroenergético do Nordeste formataram um modelo de Parceria Público-Privada (PPP) voltada ao segmento. A intenção deles, agora, é apresentá-lo ao governador Paulo Câmara e aos demais governantes da região. Denominada Projeto Renovar, a iniciativa pretende recuperar R$ 800 milhões que deveriam ter sido repassados pelo governo federal por meio de subvenções à cana-de-açúcar e ao etanol e investir o montante na recuperação de 300 mil hectares de canaviais em todo o Nordeste pelos próximos três anos. A medida deve impactar na geração de 80 mil empregos diretos e numa safra de 60 milhões de toneladas em toda a região, segundo projeções.
Em Pernambuco, a recuperação seria de aproximadamente 20 mil hectares por ano, refletindo num aumento de 20 mil empregos diretos e indiretos no mesmo período. Consultor da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Gregório Magalhães destaca que os 50 municípios canaveiros da Zona da Mata (Norte e Sul) do estado reúnem 1,5 milhão de pessoas que são afetadas direta ou indiretamente pela atividade. “Depois de cinco anos de seca, perdemos mais de 100 mil empregos diretos no Nordeste. Pernambuco representa 30% dessas perdas”, disse, destacando que a safra no estado caiu de 20 milhões para 11 milhões de toneladas por ano.
No modelo de PPP proposto os representantes do setor atuariam de maneira conjunta com os governos dos estados nordestinos para recuperar os R$ 800 milhões que, segundo Magalhães, deixaram de ser repassados aos produtores de cana-de-açúcar e de etanol desde 2012. A estimativa é de que o investimento, por ano, seja de R$ 90 milhões. Desse total, cerca de R$ 22,5 milhões seriam aplicados somente em Pernambuco anualmente. “Vamos solicitar que o dinheiro seja repassado aos estados. Caso tenhamos êxito na recuperação desses recursos, os governantes adquirem insumos (herbicidas, fertilizantes, entre outros) e contratam a mão de obra necessária para recuperar os canaviais”.
Segundo Magalhães, o retorno para os estados viria por meio de aumento na arrecadação tributária, a exemplo do que ocorreu durante o Programa de Recomposição da Atividade Canavieira na Mata Norte (ProRenor), lançado originalmente no ano 2000 pelo então governador Jarbas Vasconcelos. “Esse projeto é voltado para um público-alvo de 20 mil pequenos produtores em todo o Nordeste”, complementa. O setor quer levar o projeto à Brasília para apresentar ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, já que os representantes do segmento defendem que há uma relação entre o forte desemprego causado pela queda das safras e o aumento da criminalidade.