Setor sucroenergético investe 75% do orçamento nos canaviais e pouco é revertido em ganhos
29-05-2015

Há 10 anos, a produtividade média dos canaviais brasileiros era de 90 toneladas por hectare. Em decorrência de vários fatores como: redução de investimentos; mecanização; problemas climáticos e falta de conhecimento do negócio por parte dos entrantes do setor – a média de produtividade caiu para 60 toneladas, na safra passada alcançou a casa das 70 toneladas por hectare. Ainda muito longe da almejada cana de três dígitos – 100 toneladas por hectare – apontada como índice ideal e necessário para o produtor ou a usina se manter no negócio da cana, já que: quanto maior a produtividade, menor o custo de produção, pois o custo é dividido pela quantidade de cana produzida.

Com a crise que se arrasta há oito anos no setor de cana, o orçamento foi reduzido, mesmo assim, 75% do que a empresa investe é dirigido aos canaviais. Webber Valério, sócio da Agroconsult, disse ontem no evento "O setor Bioenergético: uma resposta à realidade", realizado ontem em Ribeirão Preto, SP, pela empresa Organize, que, em muitos casos, o dinheiro investido nos canaviais não está se transformando em ganhos.

Valério, que é um dos fundadores da empresa Organize, lançada oficialmente no evento de ontem, deu como exemplo um caso da Raízen, onde 35% dos defensivos aplicados nos canaviais eram perdidos. O investimento do grupo apenas para a área de defensivos é em torno de 100 milhões de reais no ano. “E éramos nós, por meio da Agroconsult, que realizávamos essa tarefa para a empresa. Chamamos os dirigentes da Raízen, apresentamos um plano para reduzir este desperdício. Treinamos operadores, conversamos com empresas de máquinas de aplicação de defensivos sobre a necessidade de mudança e no final reduzimos as perdas para 10%. Isso significa que não é só investir, precisa planejar, acompanhar os resultados, ver as falhas e mudar”, salientou. Valério observou que para muitos, as máquinas são culpadas pela queda de produtividade. Para ele, a culpa maior é da falta de qualificação dos operadores das máquinas.


Fabiana Balducci, do Credit Suisse, uma das debatedoras do evento, disse que os relatórios de avaliação do setor apontam que grande parte das usinas não está consegue reverter os investimentos no canavial em maior produtividade. “Isso é gestão equivocada”, ressaltou. O produtor Ismael Perina, outro debatedor, disse que seu canavial está na casa dos três dígitos, e que isso exige muita dedicação, acompanhamento constante, adoção de novas tecnologias e parcerias para reverter o investimento em resultado positivo.

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