Sindalcool apoia cooperação Brasil–EUA para expandir mercados
25-08-2025

O Sindalcool, entidade que representa a indústria do etanol na Paraíba, declarou apoio à proposta de cooperação entre Brasil e Estados Unidos para ampliar mercados globais do biocombustível.

Por Kiara Duarte

A iniciativa foi apresentada em 18 de agosto pelo governo brasileiro e pela indústria nacional, em resposta à investigação aberta pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) contra supostas práticas desleais do Brasil.

Na manifestação oficial, o Brasil defendeu que os dois maiores produtores e exportadores globais de etanol devem trabalhar juntos para abrir novos mercados, especialmente na Ásia e na África, além de aproveitar oportunidades crescentes no setor de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF).

O trabalho do Brasil gerou profunda transformação ocorrida na Índia através  de missões de produtores brasileiros na diplomacia comercial do Brasil, com a contribuição do doutor Plínio Nastari e do embaixador André Corrêa do Lago. O governo indiano adotou 20% de etanol na gasolina e deverá elevar nos próximos anos. A primeira refinaria da África iniciou atividades em janeiro. A refinaria Dangote, na Nigéria, produz 210.000 barris de petróleo por dia, são dezenas de países que ainda não dispõe de etanol para oxigenar e melhorar a octanagem com o uso do etanol”, disse Edmundo Barbosa, presidente-executivo do Sindalcool. 

Posição dos produtores americanos

A discussão também envolve o posicionamento da Renewable Fuels Association (RFA), entidade que reúne mais de 300 produtores de etanol nos Estados Unidos. Em manifestação recente, a RFA defendeu reciprocidade e redução de barreiras, alegando que entre 2010 e 2017 o livre comércio teria ampliado a oferta para consumidores e fortalecido a cadeia produtiva global.

O Sindalcool, contudo, reforça que esse debate precisa ser transparente: entre 2022 e 2023, quando o Brasil manteve tarifa zero para o etanol americano, o volume exportado ao país foi modesto.

Impacto econômico para a Paraíba

O tema tem impacto direto na economia paraibana. O Sindalcool já havia alertado que a tarifação de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros provocou perdas estimadas em R$ 40 milhões na cadeia produtiva de açúcar e etanol do estado.

O setor sucroenergético da Paraíba, em especial, sofre maior pressão no açúcar, que responde por cerca de 49% das exportações do estado. Em 2024, Estados Unidos (US$ 20 milhões) e Canadá (US$ 18 milhões) representaram juntos 47,3% do valor exportado pelo segmento.

FIEPB destaca que equilíbrio entre a abertura de mercado e a proteção da produção local é essencial

A Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiepb), entidade de grau superior de representatividade industrial do Estado da Paraíba, por meio do seu presidente, Cassiano Pascoal, comentou a proposta de transformar um conflito comercial em uma parceria estratégica para a expansão do etanol.

Ao invés de disputar o mercado já existente, a iniciativa visa unir os esforços de Brasil e Estados Unidos, os maiores produtores mundiais de etanol, para abrir novos mercados globais, como Índia, Japão e Indonésia. A estratégia também sugere que os EUA usem sua influência de modo a incentivar a mistura de etanol na gasolina em outros países e para remover barreiras que impedem o uso do biocombustível em setores como a aviação (SAF) e a navegação (biobunker). Essa abordagem colaborativa é considerada mais benéfica para o setor do que uma disputa por tarifas”, disse Pascoal, que também é presidente da Associação Nordeste Forte, que promove ações de desenvolvimento socioeconômico na Região Nordeste.

Entre 2010 e 2017, o comércio bilateral foi livre de tarifas, mas isso impactou produtores nordestinos devido a benefícios tributários aos importadores. Pascoal comentou sobre o equilíbrio entre a abertura de mercado e a proteção da produção local.

O equilíbrio entre a abertura de mercado e a proteção da produção local é crucial. O Brasil, ao defender a tarifa de 18% sobre a importação de etanol, argumenta que ela não é discriminatória, pois se aplica a todos os países fora do Mercosul. O foco dessa política é a proteção dos produtores internos, especialmente do nosso Nordeste, que foram mais afetados em períodos de isenção de tarifas”, disse Cassiano.

Então, defendemos que a prioridade deve ser garantir a proteção dos nossos produtos de qualquer acordo que venha a ser firmado, e o próprio setor de etanol considera a manutenção da tarifa de 18% inegociável. A busca por novos mercados em parceria com os EUA complementa essa estratégia, pois permite a expansão sem comprometer a estabilidade do mercado interno”, finalizou Pascoal.

Fonte: Sindalcool