Soja e biodiesel devem impulsionar o PIB do agronegócio com expansão histórica em 2025
30-07-2025

Foto: Adair Sobczak
Foto: Adair Sobczak

Safra recorde, aumento no processamento e demanda por óleo projetam crescimento de quase 11% na cadeia produtiva, aponta Cepea/Abiove

O ano de 2025 promete ser marcante para a cadeia da soja e do biodiesel no Brasil. De acordo com estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), o PIB do setor pode registrar alta próxima de 11%, consolidando sua participação em 21,7% do PIB do agronegócio e expressivos 6,4% do PIB nacional.

Segundo os pesquisadores, o principal motor dessa expansão é a safra histórica de soja, estimada em 169,7 milhões de toneladas pela Abiove. O volume expressivo, aliado ao aumento do processamento da oleaginosa, cria um cenário inédito de desempenho para a agroindústria brasileira.

Outro fator decisivo é a ampliação da mistura obrigatória de biodiesel, que passou a incluir B14 e B15 em 2024. A medida estimula a demanda por óleo de soja, mantendo a indústria em atividade intensa e com perspectivas de recorde.

Dentro da porteira, o PIB deve ter crescimento robusto de 24,11%. Na agroindústria, a alta projetada é de 3,21%. Os agrosserviços, impulsionados pelo aumento na produção e no esmagamento de soja, devem subir 8,24%. O segmento de insumos acompanha o movimento, com incremento de 3,17%.

Mesmo com a queda nos preços no primeiro trimestre de 2025, as cotações médias ainda ficaram acima das registradas em 2024. Combinando a expansão produtiva e a valorização relativa, a renda da cadeia da soja e do biodiesel deve crescer 18,24%, revertendo uma sequência de três anos de retração.

Um dado que chama atenção nos levantamentos do Cepea/Abiove é a relação entre o valor agregado do processamento interno e a exportação in natura: o PIB gerado por tonelada de soja processada deve ser 4,4 vezes maior do que o obtido com a exportação direta do grão.

Mercado de trabalho: mais de 2,4 milhões de pessoas empregadas

O desempenho da cadeia também se reflete no mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2025, o número de pessoas ocupadas no setor aumentou 7,46% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando 2,44 milhões de trabalhadores.

O segmento de insumos ganhou 5.971 postos de trabalho, impulsionado pelo uso de tecnologia e expansão de área. Dentro da porteira, o avanço foi de 23.031 pessoas, acompanhando o aumento da produção. Nos agrosserviços, o crescimento foi ainda mais expressivo: 142.548 novas ocupações, em resposta à demanda do processamento de soja.

A agroindústria, por outro lado, registrou queda de 2.211 postos, influenciada pela retração no subsegmento de esmagamento e refino. A cadeia ampliou também sua relevância econômica: passou a representar 2,38% do PIB nacional e 10,40% do PIB do agronegócio, números superiores aos de 2024.

Exportações: volume cresce, mas valor recua

As exportações do complexo soja/biodiesel somaram 27,91 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2025, aumento de 1,15% frente ao ano anterior. O valor exportado, no entanto, recuou 11,46%, somando US$ 11 bilhões nos três primeiros meses do ano. A queda reflete os preços mais baixos no mercado internacional, influenciados pela expectativa de safra global recorde 2024/25.

A China manteve a liderança como principal destino da soja em grão, com alta de 6,7% no volume importado.

O farelo de soja teve como principais compradores a União Europeia e países do Sudeste Asiático.

No caso do óleo de soja, a Índia segue dominante, absorvendo 67,74% de todo o volume exportado pelo Brasil no primeiro trimestre.

Perspectivas para 2025

Com uma safra histórica, demanda aquecida por biodiesel e o fortalecimento da indústria nacional de processamento, a cadeia da soja e do biodiesel se prepara para um ano estratégico. O desempenho esperado reforça não apenas o peso do setor no agronegócio, mas também sua importância crescente na economia brasileira como um todo.

Pesquisadores do Cepea/Abiove ressaltam que, mantidas as condições atuais, o setor poderá estabelecer novos patamares de competitividade, consolidando o Brasil como líder global na produção e industrialização de soja e derivados.