Solo saudável redefine produtividade na cana e impulsiona agricultura regenerativa
16-12-2025
Produzir mais com menos foi a síntese apresentada no painel “Agricultura regenerativa na cana de açúcar o solo como novo ativo estratégico”, realizado nos dias 25 e 26 de novembro, no SugarCane Global Summit, em Campinas - SP. A discussão destacou que a adoção de práticas regenerativas só se sustenta quando o solo passa a ser tratado como elemento central da produtividade, com manejo orientado a recuperar matéria orgânica e eficiência no uso de insumos.
A avaliação foi feita por Raffaella Rossetto, pesquisadora da APTA IAC e presidente da STAB. Ela observou que o setor ainda opera com limitações estruturais decorrentes da perda de carbono no solo e defendeu que a reconstrução desse estoque deve orientar as decisões agronômicas. Segundo a pesquisadora, a qualidade do solo aparece de forma evidente no campo, seja pelo grau de erosão e pela exposição do subsolo, seja pela capacidade de infiltração e retenção de água em áreas mais estruturadas.
Raffaella ressaltou que a relação direta entre matéria orgânica e produtividade da cana não deixa margem para dúvidas. Em sua visão, solos pobres não sustentam avanços consistentes, e depender exclusivamente de fertilizantes e defensivos para corrigir déficit estrutural torna o sistema mais caro e menos resiliente. O caminho, afirmou, é reduzir perturbações físicas, evitar perdas de carbono e adotar práticas que preservem a integridade do perfil.
Entre as estratégias citadas no painel estão cultivo mínimo, uso da palha como cobertura, diversificação de culturas na reforma e na meiose, controle biológico aliado à aplicação localizada, maior integração de bioinsumos e manejo de vinhaça ajustado por talhão, permitindo reduzir a dependência da adubação mineral. A pesquisadora também citou a biodigestão como alternativa para transformar resíduos em energia e nutrientes, além de reforçar o papel da agricultura de precisão para mitigar compactação e desperdícios.
Para Raffaella, colocar o solo no centro da decisão produtiva é a condição para que a agricultura regenerativa avance de forma economicamente viável. A agenda, disse, exige menos insumos, mais eficiência e maior capacidade de manter produtividade mesmo em cenários climáticos mais desafiadores.
Confira:

